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6 anos? Entenda por que a Rússia está há tanto tempo desenvolvendo vacinas

Por| 13 de Agosto de 2020 às 21h30

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Tania Rego\Agencia Brasil
Tania Rego\Agencia Brasil

Nesta semana, a Rússia aprovou a primeira vacina do mundo contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), segundo o presidente Vladimir Putin. A velocidade na produção do imunizante, batizado de Sputnik V, só foi possível porque cientistas russos trabalhavam há seis anos na vacina, mas a história não é exatamente essa, ou melhor, não se trata exatamente de seis anos produzindo "a vacina" contra COVID-19. Nesse período, o país trabalhava apenas a tecnologia que poderia ser usada em futuras vacinas, mas com outros vírus. É algo mais ou menos como uma receita, cujos processos devem ser refeitos para cada novo agente infeccioso.

A tecnologia usada para a vacina russa contra a COVID-19 tem base primordial no uso de diferentes tipos de adenovírus, conhecidos por causar o resfriado comum. Nesse processo, o vírus é modificado de forma que não se replique mais, ou seja, não consiga mais se reproduzir. Na sequência, é editado geneticamente e tem incluído em seu material gênico uma proteína do agente infeccioso para o qual se quer a imunidade, no caso mais recente do novo coronavírus.  

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O argumento sobre o tempo de pesquisa tão longo pode levantar ainda mais dúvidas sobre a eficácia e a segurança da vacina russa, já que os pesquisadores ainda não completaram os ensaios clínicos de fase 3 do imunizante (quando o medicamento é testado em grupo de milhares de pessoas) e ainda não foram publicados, em artigos científicos, dados de ensaios clínicos anteriores realizados em menos de dois meses, o que corresponde às fases 1 e 2. Além disso, o coronavírus só foi identificado pela primeira vez no mundo no final de 2019.

Desenvolvimento em seis anos?

"Cientistas do Centro Gamaleya têm trabalhado em vacinas baseadas em vetores adenovirais [o modelo usado para a potencial vacina contra a COVID-19] desde a década de 1980 e se tornaram os líderes mundiais no desenvolvimento desse tipo de vacina", afirma o site oficial da vacina Sputnik V.

Inclusive, as autoridades russas afirmam que o Centro Gamaleya já registrou, com sucesso, uma vacina baseada em vetor adenoviral contra o Ebola e que outra vacina baseada em vetor adenoviral está em estágios avançados de testes clínicos contra a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). E a partir dessas experiências é que o governo russo atesta a velocidade histórica no desenvolvimento do novo imunizante que, segundo Putin, oferece uma "imunidade sustentável" contra a doença.

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“Tivemos a sorte de o coronavírus ser muito próximo do vírus que causa a MERS, então tínhamos, praticamente, uma vacina pronta para uso na MERS, estudada por dois anos na MERS (e) ligeiramente modificada para ser a vacina contra o coronavírus, e essa é a história real, sem política... A Rússia sempre esteve na vanguarda da pesquisa de vacinas”, defendeu Kirill Dmitriev, CEO do RDIF (Russian Direct Investment Fund), para o canal CNBC.

No globo, outras farmacêuticas e universidades também desenvolvem vacinas baseadas em vetores adenovirais, como o imunizante da farmacêutica da Johnson & Johnson, a Janssen. No entanto, esse conhecimento prévio não é entendido como uma licença para se adiantar etapas de estudo para liberação de uma vacina segura e eficaz contra a COVID-19.

Fonte: CNBC e Sputnik V