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Vacina em spray contra covid pede autorização da Anvisa para testes em humanos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Outubro de 2021 às 11h04

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Fidel Forato/ Canaltech
Fidel Forato/ Canaltech

Na quinta-feira (21), o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) solicitou autorização de testes em humanos da potencial vacina em spray contra a covid-19. Agora, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve avaliar os dados apresentados e, após análise, poderá liberar os estudos clínicos de Fases I e II do imunizante em formato inédito e 100% nacional. 

Vale lembrar que o InCor é parte da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). De acordo com os cientistas brasileiros, a vacina em spray contra a covid-19 mostrou resultados promissores nos testes pré-clínicos. Os animais imunizados "apresentam altos níveis de anticorpos IgA e IgG e também uma resposta celular protetora", segundo nota divulgada pelo InCor.

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A estratégia de imunização adotada pela vacina brasileira é inédita no mundo. Isso porque utiliza uma forma de administração diferente — no caso, as narinas — do que os outros produtos disponíveis no mercado. Além disso, é composta por derivados do vírus (pequenos fragmentos de proteínas) e estes são encapsulados por nanopartículas.

Como devem ser os testes em humanos?

Caso autorizados pela Anvisa, os testes da vacina em spray contra a covid-19 devem ser iniciados em janeiro de 2022. No total, o estudo contará com 280 participantes distribuídos em sete grupos —  sendo que seis grupos receberão doses diferentes da vacina entre si, onde será possível descobrir a melhor dosagem, e o último receberá apenas um placebo.

A previsão é que as Fases 1 e 2 do estudo clínico tenham a duração de até três meses. Nesse período, os pesquisadores irão analisar a segurança da potencial vacina, a resposta imune desencadeada e o esquema vacinal (números de doses) mais adequado.

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"Estamos esperançosos com os resultados clínicos desta vacina em spray, pois todos os testes que nos propusemos a fazer têm nos mostrado importantes conquistas no combate ao vírus", explicou o pesquisador chefe do estudo e diretor do Laboratório de Imunologia do InCor, Jorge Kalil.

Entenda como funciona a potencial vacina brasileira

De acordo com Kalil, o modelo em formato de spray de aspiração nasal visa combater o SARS-Cov-2 no local mais importante da infecção, as vias aéreas. "O vírus entra no organismo pelo nariz infectando a mucosa. O nosso foco é criar uma vacina que atue diretamente no sistema respiratório, fortalecendo a resposta imune de toda essa região, de forma a evitar a cadeia de infecção do indivíduo, desenvolvimento da doença e transmissão para outras pessoas", explica o cientista.

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No entanto, o imunizante também é diferente pela forma que busca desencadear a imunização. Nas vacinas atuais, a proteína spike (S) do coronavírus é usada para induzir a resposta imune do organismo. Agora, a vacina do InCor utiliza peptídios sequenciais —  biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos — derivados de proteínas que compõe o vírus.

Para fazer com que essas biomoléculas entrem pelas vias aéreas superiores, os pesquisadores inserem a proteína vacinal em nanopartículas. Estas nanopartículas conseguem atravessar a barreira de cílios e muco presentes no nariz, chegando às células.

Os dados iniciais da pesquisa sugerem que o mecanismo é capaz de aumentar o nível de imunoglobulinas A — anticorpos que são os grandes defensores das mucosas —  e também potencializar a resposta celular local, elevando a proteção contra a covid-19.

"O coronavírus vai persistir na sociedade. Sabe-se que as vacinas atualmente em uso não garantem proteção por longos períodos, sendo necessário um reforço vacinal. Como a maioria da população brasileira está imunizada, iremos recrutar voluntários já vacinados contra covid-19 e com isso poderemos analisar o efeito de potencializar a resposta imune", completa o pesquisador.

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Além do Laboratório de Imunologia do InCor, o desenvolvimento da vacina em spray conta com a parceria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e das seguintes unidades da USP (Universidade de São Paulo): FM (Faculdade de Medicina); Instituto de Ciências Biomédica (ICB); e FCF (Faculdade de Ciências Farmacêuticas).