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Uso de vapes pode desencadear mutações gênicas similares às do fumo, diz estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Novembro de 2021 às 17h05

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TrendsetterImages/Envato
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Para entender os impactos do uso de vapes no organismo, uma equipe de pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, demonstrou que o uso de cigarros eletrônicos está ligado a alterações biológicas adversas que podem, eventualmente, causar inúmeras doenças, incluindo o câncer. A predisposição independe do uso anterior do fumo tradicional.

Publicado na revista Scientific Reports, o estudo norte-americano também observou que os usuários de e-cigs experimentam um padrão semelhante de mudanças na regulação dos genes que os fumantes, embora as alterações sejam maiores em pessoas que fumam.

A descoberta é importante porque os cigarros eletrônicos foram apresentados, por algumas entidades e organizações, como uma alternativa segura aos cigarros de tabaco para fumantes adultos. Inclusive, neste estudo, os pesquisadores da USC conseguiram considerar o impacto do hábito para pessoas que tragam exclusivamente as essências de vapes, o que nem sempre foi possível em levantamentos anteriores.

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As novas evidências ajudam a definir melhores políticas públicas para o uso de cigarros eletrônicos. Em um movimento recente, algumas leis já começam a regular o uso dos e-cigs no Brasil, como a legislação do Ceará, que proíbe cigarros eletrônicos em locais fechados.

Quais alterações ocorrem com uso dos vapes?

"Nossos dados indicam que a vaporização, assim como o fumo, está associada à desregulação dos genes mitocondriais e à interrupção das vias moleculares envolvidas na imunidade e na resposta inflamatória", explica Ahmad Besaratinia, da USC, em comunicado. Inclusive, a desregulação dos genes da resposta imunológica foi relatada em ambos os grupos.

Vale explicar que, segundo o artigo científico, "a disfunção mitocondrial persistente pode causar inflamação crônica que, por sua vez, pode levar a vários distúrbios inflamatórios crônicos, incluindo doenças cardiovasculares, respiratórias (DPOC) e metabólicas, bem como câncer".

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"A análise comparativa das redes de genes e vias canônicas desreguladas em usuário de vapes e fumantes mostrou padrões surpreendentemente semelhantes nos dois grupos, embora a extensão das alterações transcriptômicas fosse mais pronunciada em fumantes do que em usuários de vapes", detalham os autores do estudo.

Metodologia do estudo

Durante o estudo, os pesquisadores recrutaram um grupo diversificado de 82 adultos saudáveis ​​e os separaram em três categorias:

  • Usuários atuais de vapes, com e sem histórico prévio de tabagismo;
  • Pessoas que fumam exclusivamente cigarros de nicotina;
  • Participantes de um grupo de controle que nunca fumou nenhuma das substâncias.
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Após o sequenciamento de amostras de sangue, os cientistas buscaram por mudanças gênicas nos voluntários, especificamente por casos de desregulação do gene mitocondrial. Para os usuários de vapes, os autores aplicaram uma modelagem computacional para determinar se a desregulação do gene estava associada com a intensidade e duração do hábito atual ou se tinham relação com o tabagismo anterior.

"Descobrimos que mais de 80% da desregulação do gene em usuários de vapes está correlacionada com a intensidade e duração da vaporização atual", afirmou Besaratinia. "Nenhuma desregulação genética detectada em usuários de vapes se correlacionou com a intensidade ou duração do tabagismo anterior", completou.

Recentemente, um estudo conduzido por pesquisadores da University of Pittsburgh Medical Center apontou para uma outra consequência do uso de vapes: o comprometimento da saúde óssea, mesmo em pessoas mais jovens. Outras pesquisas apontaram para efeitos do hábito na saúde do coração.

Fonte: Scientific Reports