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Essência de vape faz mal para o coração, segundo estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Dezembro de 2020 às 14h00

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Renz Macorol / Pexels
Renz Macorol / Pexels

Em 2019, muito se discutiu a respeito dos vapes, com direito a estudos apontando malefícios. No entanto, mesmo um ano depois, as discussões e os estudos ainda não tiveram um fim. Dessa vez, um estudo pré-clínico realizado por pesquisadores da University of South Florida Health (USF Health) apresentou informações não a respeito do vape em si, mas sim da essência, popularmente conhecida como juice, apontando os malefícios que ela traz para o coração.

O estudo indicou que a nicotina e outros produtos químicos liberados para vaporização, embora geralmente menos tóxicos do que os cigarros convencionais, podem causar danos aos pulmões e ao coração. Por enquanto, os pesquisadores não chegaram a uma conclusão sobre o que acontece depois que as moléculas são inaladas, entram na corrente sanguínea e atingem o coração, mas eles relataram uma série de experimentos que avaliam a toxicidade dos juices em células cardíacas e em camundongos.

Segundo o pesquisador principal do estudo, Sami Noujaim, professor de Farmacologia molecular e fisiologia na USF Health, os sistemas eletrônicos de liberação de nicotina com sabores não são isentos de danos. "Nossas descobertas nas células e nos camundongos indicam que a vaporização interfere no funcionamento normal do coração e pode potencialmente levar a distúrbios do ritmo cardíaco", declarou durante uma entrevista ao veículo norte-americano EurekAlert.

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O laboratório do Dr. Noujaim está entre os primeiros a investigar os efeitos que produtos químicos aromatizantes adicionados aos famigerados juices têm no coração, chegando a receber uma bolsa de  US$ 2,2 milhões (o equivalente a R$ 11,3 milhões) do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental do NIH para realizar essa pesquisa.

Os pesquisadores testaram a toxicidade de três sabores diferentes: tutti-frutti, canela e baunilha. Todos os três foram tóxicos para as células cardíacas expostas ao vapor. Fizeram também um experimento com as células cardíacas, expondo a três vapores distintos: o primeiro, que tinha apenas solvente, interferiu na atividade elétrica e na taxa de batimento das células cardíacas. O segundo, que tinha nicotina adicionada ao solvente, aumentou os efeitos tóxicos nessas células. Já o terceiro, composto de nicotina, solvente e juice de baunilha (o sabor previamente identificado como o mais tóxico) aumentou ainda mais os danos às células que batem espontaneamente.

Quanto aos camundongos, foram expostos a 60 baforadas com o juice de baunilha cinco dias por semana, durante 10 semanas. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) diminuiu em comparação com outros camundongos. A análise mostrou que a vaporização interferiu com a VFC normal nos camundongos ao interromper o controle do sistema nervoso autônomo da frequência cardíaca. Os camundongos expostos à vaporização foram mais propensos a um distúrbio anormal e perigoso do ritmo cardíaco conhecido como taquicardia ventricular em comparação com os camundongos que não foram expostos.

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No entanto, ainda não se sabe se as descobertas dos camundongos serão traduzidas para as pessoas. Segundo o Dr. Noujaim, mais estudos pré-clínicos e humanos são necessários para determinar os efeitos das essências de vape a longo prazo.

"Nossa pesquisa é importante porque a regulamentação da indústria de vaporização é um trabalho em andamento", disse Noujaim. "A FDA [Food and Drug Administration, órgão regulatório dos EUA] precisa de informações da comunidade científica sobre todos os possíveis riscos da vaporização para regular com eficácia os vapes e proteger a saúde pública. Continuaremos a examinar como a vaporização pode afetar adversamente a saúde cardíaca", dissertou.

Fonte: EurekAlert!