Terapia gênica pode aumentar sobrevida de cachorros com câncer
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O câncer é uma doença relativamente comuns em cachorros mais velhos. Apesar disso, a gama de tratamentos disponíveis é bem menor, quando comparada às opções disponíveis para humanos. Para reverter este cenário, cientistas de Singapura desenvolvem um novo tipo de terapia gênica, menos complexa, para tratar cães com metástase no pulmão ou nos ossos, por exemplo.
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Até o momento, 65 cachorros já passaram pelo tratamento experimental, segundo estudo publicado na revista científica Stem Cell Research & Therapy. Na maioria dos casos, os resultados foram positivos e prologaram o tempo de vida animal, mantendo parte da qualidade de vida, segundo os pesquisadores da Universidade Nacional de Singapura (NUS).
Como funciona a terapia gênica contra câncer em cachorros?
De forma geral, as terapias gênicas contra o câncer são desenvolvidas a partir das células de defesa do paciente (as células T). Estas são editadas geneticamente e "aprendem" a identificar o tumor específico que afeta aquele indivíduo, o que garante boa eficácia a esta estratégia personalizada. Em outros casos, são usados vírus geneticamente modificados para alterar o código genético, acrescentando genes terapêuticos.
Na nova estratégia voltada para cachorros com câncer em fase de metástase, os cientistas modificam as células-tronco mesenquimais (MSCs) e, posteriormente, são aplicadas com um medicamento oncológico. "Comparado a outras terapias celulares e genéticas, o design desta terapia tem um ciclo significativamente mais curto e custos de produção muito menores, abrindo caminho para uma opção mais acessível e econômica para pacientes com câncer no futuro", afirma Too Heng-Phon, um dos autores do estudo e professor da NUS, em comunicado.
Efeito do potencial tratamento em cachorros com metástase
Segundo os autores do estudo, após receber o tratamento, que pode durar entre três a oito semanas, 56 cachorros (dos 65) apresentaram sinais de resposta positiva e mantiveram boa qualidade de vida, incluindo a cura de 14. Além disso, outras duas cobaias não apresentaram quadros de reincidência do câncer por mais de 30 meses. Outra aparente vantagem da terapia é que não foram observados efeitos adversos graves.
Agora, os pesquisadores organizam uma nova etapa de testes com cachorros. Em paralelo, planejam viabilizar o uso da potencial terapia para o tratamento de pessoas com casos graves de câncer, que não respondem mais aos tratamentos disponíveis.
Fonte: Stem Cell Research & Therapy e NUS