Seriam os assintomáticos os principais responsáveis pela propagação da COVID-19?
Por Fidel Forato | 21 de Janeiro de 2021 às 20h40
Para conter a pandemia da COVID-19, uma das medidas mais importantes é evitar o contágio do novo coronavírus (SARS-CoV-2). No entanto, essa é uma missão bastante difícil, porque mesmo pacientes assintomáticos podem transmitir a doença. Para entender qual é a probabilidade de transmissão do vírus em cada caso, pesquisadores norte-americanos trabalharam com uma série de simulações.
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Publicada no Journal of the American Medical Association, a pesquisa demonstrou que pelo menos 50% dos novos casos da COVID-19 foram transmitidos por pacientes assintomáticos, ou seja, sem nenhum sintoma da infecção. "Os resultados deste estudo sugerem que a identificação e o isolamento de pessoas com COVID-19 sintomática por si só não controlará a propagação contínua da SARS-CoV-2", afirmam os pesquisadores, defendendo a ampla adoção de medidas de proteção, como máscaras e higienização correta das mãos.
"Ainda havia alguma controvérsia sobre o valor da mitigação da comunidade — máscaras faciais, distanciamento social e higiene das mãos — para limitar a disseminação", comenta o pesquisador Jay Butler, vice-diretor de doenças infecciosas do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) e principal autor do novo estudo, para o site Business Insider.
Pesquisa sobre contágio do coronavírus
Para o estudo, os pesquisadores simularam a transmissão da COVID-19 em três grupos: pré-sintomáticos (pessoas que ainda não tinham sintomas da infecção por coronavírus); sempre assintomáticos (pacientes que nunca manifestaram sintomas, mesmo estando contaminados); e sintomáticos. Cada grupo passou por diferentes simulações, como o dia do contato com uma pessoa saudável, no modelo analítico desenvolvido.
Na maioria dos cenários propostos pela pesquisa, as pessoas sem sintomas — tanto as assintomáticas quanto as pré-sintomáticas — transmitiram pelo menos 50% das novas infecções do coronavírus. "A proporção de transmissões permaneceu geralmente acima de 50% em uma ampla gama de valores básicos", comenta Butler sobre a descoberta considerada "surpreendente".
No entanto, o grupo ressalva que o modelo desenvolvido, provavelmente, subestima a porcentagem real de casos da COVID-19 causados por pessoas sem sintomas. Isso porque as taxas de transmissão foram calculadas como se todos se movimentassem ao acaso. Só que pacientes com sintomas e diagnosticados com a infecção devem respeitar a quarentena. Por outro lado, os assintomáticos impõem menos restrições em sua rotina, desde que não saibam da doença. Nesse sentindo, poderiam transmitir a infecção em locais como restaurantes, onde é permitido retirar a máscara, o que aumentaria a porcentagem de transmissões.
Para acessar o estudo completo, publicado no Journal of the American Medical Association, clique aqui.
Fonte: Business Insider