Ronco é sinal de alerta para problemas de saúde mais graves
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Para muitas pessoas, roncar é apenas um problema que se resume a fazer barulho na hora de dormir, atrapalhando a qualidade do sono de pessoas próximas. No entanto, o ronco deve ser encarado como um sinal de alerta para outras complicações de saúde, como a apneia obstrutiva do sono (SAOS), e a origem do comportamento merece ser investigada.
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Pouco diagnosticada no Brasil, a apneia obstrutiva do sono é uma condição crônica. Quando não tratada, o paciente pode desenvolver um risco aumentado para inúmeras doenças, incluindo o diabetes. "A SAOS altera o metabolismo da glicose, promove resistência à insulina e está associada ao desenvolvimento de diabetes tipo 2", afirma estudo, publicado na revista científica Diabetes Spectrum.
No entanto, é importante destacar que nem toda pessoa que ronca configura obrigatoriamente um caso de SAOS, já que existem inúmeros critérios antes do diagnóstico. O ronco é apenas um dos indicadores da condição, mas não é o único.
Quando o ronco pode ser um problema de saúde?
Para entender, a apneia obstrutiva do sono é definida como uma série de paradas respiratórias provocadas pela interrupção física da passagem de ar para os pulmões. Para ser mais preciso, a condição provoca o fechamento temporário da faringe e, neste instante, o ronco é suspenso por alguns segundos. Em seguida, o barulho pode voltar, em uma série de repetições que vão de algumas a centenas de vezes durante a noite. A condição afeta também a oxigenação do cérebro.
Sintomas que são sinal de alerta quando associados ao ronco
Além do ronco, o paciente com apneia obstrutiva tende a apresentar sufocamento durante o sono — basicamente, o ronco é combinado com engasgos ou pausas respiratórias silenciosas — e fadiga durante o dia. Isso porque a condição desperta o indivíduo inúmeras vezes durante a noite, mesmo que ele não perceba e pense que tenha tido um bom período de descanso.
Como consequência desses três sinais e sintomas da apneia, o indivíduo pode relatar diferentes tipos de desdobramentos no seu dia a dia, como:
- Dificuldade de concentração;
- Dores de cabeça;
- Sono agitado;
- Pressão alta;
- Dor no peito;
- Irritabilidade;
- Menor desejo sexual.
Impactos da apneia obstrutiva do sono na vida de uma pessoa
“Cuidar dessa questão de saúde é importante, já que a apneia obstrutiva e a sonolência diurna excessiva podem ter implicações sérias para o paciente", explica Gleison Guimarães, médico especialista em pneumologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Inclusive, o especialista destaca que o ronco e a fadiga são "um fator de risco para outras condições", como doenças cardiovasculares (por exemplo, hipertensão arterial sistêmica), endócrino metabólicas (diabetes tipo 2) e neurodegenerativas (depressão).
"Distúrbios neurológicos, cansaço, sonolência, irritabilidade, ansiedade, depressão, problemas sexuais e estresse são sintomas comuns de noites mal dormidas ou da falta de sono adequado, o que aumenta o risco de erros e acidentes nos mais diversos locais de trabalho", acrescenta o médico. Inclusive, este pode ser um grave problema para algumas profissões, como pilotos e motoristas.
Alternativas para o tratamento do ronco
Em um primeiro momento, o paciente que ronca é recomendado a adotar mudanças comportamentais, como praticar atividades físicas regulares — o perfil mais associado com a apneia obstrutiva é o de homens com obesidade. Além disso, pode ser orientado a mudar a posição na hora de dormir, controlar a dieta e evitar o álcool, a cafeína e o tabaco.
Quando as alterações no estilo de vida não desencadeiam os efeitos desejados, o médico responsável pelo caso pode indicar sessões de fonoaudiologia, cirurgias específicas ou ainda o uso de dispositivos médicos, como o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure). Este é um aparelho que faz pressão positiva nas vias aéreas, por meio de uma máscara, impedindo o fechamento delas durante o sono. O objetivo final é sempre o mesmo: controlar o ronco, protegendo a saúde do indivíduo.
Fonte: Com informações: Mayo Clinic, Diabetes Spectrum e AASM (1) e (2)