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O que são doenças crônicas, autoimunes e infecciosas?

Por| 25 de Novembro de 2020 às 18h40

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Javier Matheu/ Unsplash
Javier Matheu/ Unsplash

Mesmo quem não se interessa muito por assuntos de saúde, provavelmente já escutou falar o nome de algumas doenças infecciosas, como a COVID-19 e a gripe, e o de algumas doenças autoimunes, como a lúpus ou a esclerose múltipla. Além desses dois tipos fundamentais, o quadro de um paciente ainda pode ser crônico, ou seja, sem uma cura possível (ainda). São diferentes situações que podem, até mesmo, se mesclar e se confundir, dependendo da doença. 

Afinal, o organismo humano é uma máquina complexa e ele próprio pode ser o causador de uma série de doenças. Para entender esses diferentes tipos de doenças que podem acometer o corpo e suas causas, o Canaltech conversou com a médica Bruna Savioli, reumatologista da BP (a Beneficência Portuguesa de São Paulo) e mestra em reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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Qual é a diferença entre doenças autoimunes e infecciosas?

"As doenças autoimunes são relacionadas, normalmente, à produção de anticorpos e outros componentes do sistema imune, de defesa, que passam a agredir o organismo do paciente. Em condições normais, as células do corpo humano sabem reconhecer o que é próprio do organismo e, quando encontram um agente desconhecido —  por exemplo, um vírus ou uma bactéria —, essas células passam a produzir a inflamação", explica Savioli.

Vele explicar que uma inflamação é uma resposta do corpo a um agente infeccioso, a partir da produção de células de defesa e toxinas para combater o invasor. Normalmente, é uma medida benéfica para a proteção do organismo. "Nas doenças autoimunes, as células perdem a capacidade de reconhecer o que é próprio, sendo assim, há produção de inflamação e de toxinas para combate de células do próprio organismo", completa a médica.

Quando essa resposta é exagerada ou contínua, o indivíduo começa a apresentar problemas de saúde, em diferentes graus, e vai ficando debilitado, caso não haja tratamento ou controle do quadro. Pensando nas doenças autoimunes mais comuns, o lúpus eritematoso sistêmico (LES) e a artrite reumatoide são exemplos bem comuns.

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"Nas doenças infecciosas, então, há a presença desse agente causal — vírus, bactérias e protozoários — e, portanto, existe um estímulo externo que gera a inflamação. Interessante, porém, é citar que algumas doenças infecciosas podem funcionar como gatilhos para o desenvolvimento de manifestações autoimunes, como, por exemplo, a chikungunya", explica a reumatologista.

Por que uma pessoa desenvolve uma doença autoimune?

Como explicado, uma doença autoimune acontece quando o próprio sistema imunológico ataca, por engano, tecidos saudáveis do próprio corpo. Entretanto, o que leva a esse quadro? "São diversos os motivos relacionados. De forma geral, existem fatores genéticos e ambientais envolvidos. Dessa forma, a presença de história familiar positiva, pode aumentar as chances de um individuo desenvolver LES ou artrite reumatoide", afirma a médica Savioli.

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Entre os hábitos considerados de risco, por exemplo, o tabagismo pode desencadear o desenvolvimento de anticorpos causadores da artrite reumatoide. "Considerando outros fatores, ainda, a presença de hormônios sexuais femininos está relacionada com o desenvolvimento do LES. E alguns agentes infecciosos podem funcionar como um gatilho no desenvolvimento dos anticorpos relacionados a doenças autoimunes", ressalta a médica.

O que faz uma doença ser considerada crônica?

"Tanto doenças autoimunes quanto doenças infecciosas podem se perpetuar", o que faz delas doenças crônicas, define Savioli. No caso das autoimunes, isso acontece porque, na maioria das vezes, não existe um tratamento capaz de impedir a produção dos autoanticorpos e a cura. "No entanto, é importante destacar que não significa que as doenças autoimunes não tenham tratamento. Existem excelentes opções hoje em dia para tratamento de doenças autoimunes", ressalta a reumatologista.

Entre as principais doenças autoimunes que podem se tornar crônicas, estão: lúpus; artrite reumatoide; vasculites sistêmicas; e outras colagenoses (doença mista do tecido conjuntivo, esclerodermia sistêmica, síndrome de sjögren).

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"Já no caso das doenças infecciosas, podemos citar como grandes exemplos de doença infecciosa crônica a tuberculose e a hepatite C. Tais doenças se cronificam em pacientes com sistema imune debilitado e sem tratamento. Nesses casos, o tratamento adequado dos pacientes impede a cronificação do quadro", completa a médica. Um outro conhecido exemplo é a infecção pelo vírus do HIV que, mesmo incurável, pode ser controlada, garantindo uma vida saudável ao paciente.