Publicidade

Roedores vivem mais com menos oxigênio, sugere estudo

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
Bilanol/Envato
Bilanol/Envato

Sabemos que o oxigênio é um dos elementos primordiais para a vida no planeta Terra, mas, aparentemente, respirar muito oxigênio pode ser um dos fatores responsáveis pelo envelhecimento precoce — pelo menos em roedores, segundo estudo publicado na revista científica PLoS Biology. Ainda não se sabe o porquê da relação contra-intuitiva e nem se a regra é aplicada aos humanos.

“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a demonstrar que a ‘restrição de oxigênio’ pode prolongar a expectativa de vida em um modelo mamífero de envelhecimento”, afirmam os autores. Para além dos testes com camundongos em laboratório, pesquisas anteriores já observaram que a restrição de oxigênio prolonga a vida de outros seres vivos, como leveduras, nematoides e moscas-das-frutas.

Roedores, concentração de oxigênio e longevidade

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

No experimento, os pesquisadores do Massachusetts General Hospital e da Harvard Medical School, ambos nos Estados Unidos, testaram o impacto de uma “vida” com restrição de oxigênio em camundongos editados geneticamente para envelhecerem mais rápido.

Para comparar os efeitos na expectativa de vida de quem inala o mínimo de oxigênio (hipóxia) ou de quem vive com quantidades regulares do elemento, os cientistas separaram os pequenos mamíferos em dois grupos:

  • Primeiro grupo: após as quatro primeiras semanas de vida, estes roedores foram transferidos para dentro de uma câmara hipóxica. É basicamente uma estufa que simula a vida em altas altitudes, onde a concentração de oxigênio é menor. Para comparar, é como se os animais vivessem na base do Monte Everest, na Cordilheira do Himalaia. Por lá, a concentração de oxigênio no ar atmosférico é de 11%;
  • Segundo grupo: os camundongos nasceram e morreram em uma ambiente com níveis normais de oxigênio atmosférico (cerca de 21%).

A única diferença na vida entre os dois grupos de roedores foi a quantidade de oxigênio presente no ar de cada um dos ambientes construídos. Em números, o segundo grupo viveu em local onde o oxigênio era 50% mais presente. Esse “mero” detalhe foi responsável, segundo os autores, por impactar o tempo médio de vida dos animais.

Para ser preciso, os camundongos criados em locais com restrição de oxigênio viveram cerca de 23,6 semanas. Eles também levaram mais tempo para desenvolver problemas neurológicos relacionados com a idade. Enquanto isso, os outros sobreviveram por apenas 15,7 semanas.

Restrição de oxigênio faz bem para humanos?

“Descobrimos que a hipóxia crônica e contínua prolonga a vida útil e atrasa o início da debilidade neurológica em um modelo de envelhecimento com camundongos”, afirma Robert Rogers, do Massachusetts General Hospital, em nota.

Continua após a publicidade

“Embora a restrição calórica seja a intervenção mais amplamente eficaz e bem estudada para aumentar a expectativa de vida e a saúde, esta é a primeira vez que a 'restrição de oxigênio' foi demonstrada como benéfica”, acrescenta Rogers.

No entanto, as descobertas estão longe de ser conclusivas. Ainda não é possível saber o porquê respirar ar com menores concentrações de oxigênio seria benéfico para o organismo. Outro ponto é que as condições ideais de laboratório, com animais editados, podem não ser tão fiéis ao mundo real.

Nesse ponto, os próprios autores destacam a importância de estudos do tipo envolvendo roedores selvagens, ou seja, aqueles que não passaram por nenhum tipo de alteração genética. No futuro, testes clínicos poderão ser pensados para validar a descoberta em humanos, com desdobramentos imprevisíveis. Hoje, não é possível dizer que respirar menos oxigênio seja benéfico para as pessoas.

Fonte: PLoS Biology e Harvard Medical School    

Seu resumo inteligente do mundo tech!Assine a newsletter do Canaltech e receba notícias e reviews sobre tecnologia em primeira mão.
*E-mail
*