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Robô biológico estimula o crescimento de novos neurônios

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Dezembro de 2023 às 16h53

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Gizem Gumuskaya/Universidade Tufts
Gizem Gumuskaya/Universidade Tufts

Diferente dos robôs tradicionais, com circuitos eletrônicos, os robôs biológicos, também conhecidos como antrobots (anthrobots), são constituídos a partir de células humanas retiradas da traqueia, sem passar por nenhum tipo de edição genética. De forma misteriosa para a ciência, essas engenhocas são capazes de estimular o crescimento dos neurônios e de outras células do sistema nervoso.

As funções dos robôs biológicos ainda não são totalmente compreendidas pelos cientistas que os inventaram, incluindo os membros da Universidade Tufts, nos Estados Unidos. A única coisa que se sabe é que podem “arrumar” sistemas biológicos com defeito, em experimentos de laboratório.

A seguir, veja uma comunidade composta por estes robôs biológicos:

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Antrhobot Swarm from Newswise on Vimeo.

“É fascinante e completamente inesperado que células normais da traqueia de pacientes, sem modificações no DNA, possam se mover por conta própria e estimular o crescimento de neurônios em uma região danificada”, afirma Michael Levin, professor de biologia da universidade e um dos autores do estudo, em nota.

Regeneração dos neurônios

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Publicado na revista Advanced Science, o estudo sobre os robôs biológicos testou a capacidade deles em regenerar tecidos do sistema nervoso. Para isso, os cientistas provocaram uma lesão em uma camada bidimensional de neurônios humanos, o que simulou uma ferida aberta, em laboratório.

Antes de começarem a utilizar as suas capacidades curativas, os robôs — que medem micrômetros — se agruparam, criando uma estrutura maior, como um megazord. De forma autônoma, eles conseguiram regenerar aquele tecido, o que está intrigando a equipe de pesquisa.

Como são criados?

A criação de um robô biológico é relativamente simples, segundo os autores. É somente necessária a remoção de uma única célula traqueal de um paciente adulto. Este tipo de célula é naturalmente coberta por cílios, em constante movimento, que ajudam a expulsar pequenas partículas indesejadas que chegam aos pulmões do indivíduo. No momento final da expulsão, a pessoa costuma tossir ou pigarrear.

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Quando são cultivadas em laboratório, de forma espontânea, esse tipo de célula se desenvolve de tal forma que fica parecendo minúsculas esferas multicelulares, como organoides. Neste caso, os pesquisadores só intervieram no processo para que os cílios ficassem virados para o lado externo.

Devido a esses cílios, em poucos dias de desenvolvimento, os robôs começam a se movimentar, de forma autônoma. Também é curioso observar que não existe um único padrão de desenvolvimento. Por exemplo, alguns são inteiramente cobertos por cílios, enquanto os outros têm os cílios de um lado, apenas.

Outro ponto interessante é que as esferas podem ter tamanhos variados. É o caso das menores, medindo 30 micrômetros, o que equivale à espessura de um fio de cabelo. No lado oposto, as maiores têm 500 micrômetros e são mais próximas da ponta de um lápis apontado.

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Até serem reabsorvidos pelo corpo, a expectativa de vida desses robôs varia entre 45 e 60 dias. Segundo os autores, eles não conseguem se reproduzir, o que impede a geração de novas linhagens.

Usos terapêuticos

Hoje, o comportamento desses robôs é um completo mistério para a ciência. Enquanto planejam entender melhor a sua capacidade de regenerar tecidos, os pesquisadores querem ver como eles se comportam em outros tecidos, como em artérias entupidas e em lesões nos nervos da retina. No futuro, isso poderá abrir as portas para novos tratamentos, incluindo a cura para as demências, como o Alzheimer.

Fonte: Advanced ScienceNews Wise (Universidade Tufts)