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Após polêmica, Oxford publica resultados de eficácia da vacina

Por| 08 de Dezembro de 2020 às 18h47

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

Na corrida por uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), a candidata de Oxford foi a primeira a publicar em uma revista científica os dados preliminares da terceira e última fase de testes antes da aprovação. De acordo com o artigo publicado na TheLancet, o imunizante desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford demonstrou ser eficaz e seguro, sem nenhum caso adverso grave. A imunização completa só foi possível a partir de duas doses.  

Vale explicar que os dados ainda são preliminares, porque os estudos clínicos não foram concluídos e pesquisadores seguem acompanhando os participantes. No total, cerca de 20 mil voluntários participam dos testes e foram avaliados quanto à capacidade de contrair a infecção por coronavírus (ou não). No entanto, não foram todos vacinados com o imunizante de Oxford, já que um grupo recebeu um placebo (substância sem eficácia relacionada à COVID-19) no estudo duplo-cego. Com isso, a eficácia resultou em pelo menos 62%.

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Questões sobre a vacina de Oxford

Há cerca de 15 dias, a farmacêutica responsável pelo estudo clínico divulgou que o imunizante teria uma eficácia geral de 70%, em um comunicado à imprensa. A taxa de eficácia significa dizer o quanto (em porcentagem) as pessoas vacinadas ficam protegidas contra aquela doença em relação a quem não recebeu o imunizante.

De acordo com a AstraZeneca, a taxa de 70% seria uma média entre duas formas diferentes de imunização com a mesma vacina, já que diferentes concentrações das doses foram usadas nos voluntários. Nesse sentido, os voluntários que receberam as duas doses completas (conforme previsto originalmente pelos cientistas), obtiveram uma taxa de eficácia contra a COVID-19 de 62%. Já o grupo que recebeu uma dose menos concentrada (meia dose) e, depois, a dose completa teve uma taxa de eficácia de 90%.  

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Embora seja possível afirmar que o imunizante de Oxford obteve uma eficácia de até 90%, especialistas discordam sobre esse resultado. Segundo a microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak, os resultados publicados confirmam que a taxa de eficácia da vacina é de 62%. Já que "o [resultado] de 90% com meia dose segue sendo um acidente de percurso que precisa ser repetido", pondera Pasternak. Em outras palavras, novos estudos devem confirmá-lo.

Outro ponto que leva a cautela no entendimento da eficácia de 90% é a quantidade de voluntários que foram testados nessa condição, o que impediria de tirar mais conclusões sobre o grupo. No estudo, apenas 2.741 voluntários receberam a meia dose da vacina de Oxford, seguida por uma completa. Enquanto isso, o grupo da taxa de 62% foi de 8.895. Além disso, os levantamentos guardam algumas diferenças entre si, ou seja, dificultam as comparações.

Vale ressaltar que eficácia no estudo completo não foi avaliada, de forma abrangente, em participantes acima de 56 anos, até o momento. "Os dados obtidos para maiores de 55 anos são insuficientes para tirar conclusões sobre a eficácia desta vacina em idosos, então teremos que esperar mais dados", comenta Pasternak.

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Por outro lado, o imunizante se demonstrou seguro, independente do tipo de dose recebida pelo voluntário. Até agora, não foram registradas internações ou casos graves da COVID-19 nos grupos vacinados. Já nos grupos que não receberam a vacina, foram registrados dois casos graves da COVID-19 e uma morte. O estudo também avaliou pacientes assintomáticos com coronavírus, a partir de testes regulares, e verificou que o maior grupo de contaminados era dos voluntários que receberam um placebo. 

Expectativas da vacina contra a COVID-19

De acordo com o microbiologista e divulgador científico Atila Iamarino, os resultados apresentados pela vacina de Oxford fazem com ela continue no radar para a produção de imunizantes. Isso porque a "eficácia de pelo menos 62% parece robusta", completa o pesquisador. Nesse aspecto, uma vacina com essa taxa de eficácia poderia ser útil em determinados grupos para conter a COVID-19.

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"Os resultados mostram que a vacina é eficaz contra a COVID-19, em particular, sem infecções graves e sem hospitalizações no grupo da vacina, além de segura e bem tolerada", afirma o diretor executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot. Em mãos desses resultados, a farmacêutica começa a acionar autoridades regulatórias para a autorização de uso do imunizante.

Para acessar o estudo completo, publicado na revista The Lancet, clique aqui.

Fonte: The Lancet via BBC  e G1