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Resistência a antibióticos está aumentando e a culpa é da pandemia da covid

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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claudioventrella/envato
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A resistência a antibióticos (antimicrobiana) é um grave problema de saúde global, provocado pelo uso indevido de remédios. Neste cenário, algumas bactérias podem se tornar mais resistentes e sobreviverem a inúmeros medicamentos, dificultando a cura. Com a pandemia da covid-19, o cenário piorou, segundo especialistas.

Em 2019, antes do início da pandemia da covid-19, a resistência a antibióticos provocou 4,95 milhões de mortes em todo o mundo, segundo estudo publicado na revista científica The Lancet. Nesta circunstâncias, a condição se tornava a terceira principal causa de morte no mundo, após doenças cardiovasculares e câncer.

A partir de dados de 2020, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que a detecção de bactérias resistentes a antibióticos triplicou em relação a 2019 no Brasil. Em outras palavras, as superbactérias — como são chamados os agentes infecciosos que resistem aos remédios comuns — estão cada vez mais frequentes.

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Pandemia e antibióticos

Não faz sentido pensar no aumento do uso de antibióticos, prescritos para o combate de bactérias, para o controle da covid-19, provocada por um vírus. No entanto, medicações do tipo foram amplamente adotadas durante a pandemia para combater o coronavírus SARS-CoV-2.

Em artigo para a revista Scientific American, a dupla de pesquisadores Sumanth Gandra, da Washington University, e Madhukar Pai, da McGill University, classifica como "desenfreado e inapropriado" o uso de antibióticos na pandemia.

Vale observar que o uso de antibióticos no tratamento da infecção causada pela covid-19 deve ser encarado apenas como uma exceção, jamais como regra. Por exemplo, pode ser prescrito quando o paciente foi diagnosticado também com uma infecção bacteriana (secundária) ou com uma suspeita do quadro.

Qual o impacto do uso excessivo na saúde global?

Com o uso excessivo de antibióticos, as bactérias — que causam infecções rotineiras no sangue, pulmões e trato urinário — se tornam cada vez mais resistentes aos medicamentos existentes. Além disso, a resistência antimicrobiana dificulta o tratamento de doenças comuns em países de baixa renda, como febre tifoide e tuberculose.

Os pesquisadores apontam ainda que "a indústria farmacêutica não tem interesse suficiente no desenvolvimento de [novos] antibióticos, pois o mercado para esta classe de remédios não é lucrativo". "Podemos perder 10 milhões de pessoas a cada ano em todo o mundo até 2050 devido a doenças que antes podíamos tratar. Infelizmente, 90% dessas mortes acontecerão em países de baixa e média renda", acrescentam.

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Países em que a resistência a antibióticos deve ser um desafio

No momento, a dupla de pesquisadores aponta para cinco principais países em que a resistência a antibióticos deve ser encarada e pode se tornar um problema maior:

  • Índia;
  • Bangladesh;
  • Paquistão;
  • Brasil;
  • Jordânia.

O problema do uso de antibióticos no Brasil

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Sobre a questão da resistência a antibióticos no Brasil, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Sorocaba liderou um estudo sobre o aumento do uso da azitromicina durante a pandemia. Publicada na revista científica Frontiers in Pharmacology, a pesquisa aponta para o crescimento no uso desta medicação, o que deve potencialmente desencadear problemas na saúde pública.

"Entre os candidatos a um possível tratamento [contra a covid-19] estava a azitromicina sozinha ou em combinação com outras drogas. Como resultado, muitos médicos no Brasil prescreveram azitromicina na tentativa de combater ou minimizar os efeitos da covid-19", explicam os autores sobre os motivos que levaram a este uso excessivo.

Fonte: Scientific American, The Lancet e Frontiers in Pharmacology