Remédio contra dengue tem resultado promissor em teste com humanos

O primeiro remédio contra a dengue pode se tornar realidade nos próximos anos, como demonstra a Fase 2 dos estudos clínicos do medicamento JNJ-1802. Ainda sem nome comercial, a fórmula do antiviral é desenvolvida por cientistas da Janssen — a divisão farmacêutica da Johnson e Johnson.

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No organismo humano, o medicamento da Janssen atua de forma a “bloquear” as proteínas que o vírus da dengue utiliza para se replicar, durante a infecção. Até o momento, o antiviral é classificado como seguro e bem tolerado, mas outros testes ainda são necessários.

Os resultados promissores da segunda rodada de pesquisa com humanos do potencial remédio contra a dengue foram anunciados nesta sexta-feira (20), durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene em Chicago, nos Estados Unidos.

Com os desdobramentos positivos, os cientistas se preparam para uma nova fase, que deve ser realizada em 10 países. Brasil, Peru, Colômbia e Tailândia estão entre os locais selecionados para os testes.

Remédio da farmacêutica Janssen

Na Fase 2 do estudo, os pesquisadores recrutaram adultos saudáveis para testar os efeitos do remédio da Janssen. Todos começaram a receber a medicação, exceto os integrantes do grupo placebo, e, no quinto dia, foram expostos a uma versão do sorotipo 3 do vírus atenuada para minimizar os sintomas. Como esperado, os medicados apresentaram níveis menores do agente infeccioso no organismo.

Mais pesquisas contra a dengue

Em março deste ano, pesquisadores publicaram na revista científica Nature um estudo demonstrando que o medicamento forneceu uma forte proteção contra a dengue em primatas não humanos e em camundongos. Esta alta eficácia ainda não foi estimada para pessoas, o que dependerá ainda dos testes futuros.

Quando vamos ter o remédio contra a dengue?

Apesar dos resultados promissores, não há uma previsão de quando o remédio contra dengue poderá ser comprado em farmácias, como um antiviral qualquer. No entanto, os desenvolvedores estão otimistas.

“Os resultados promissores do JNJ-1802, até o momento, oferecem esperança de que a ciência será capaz de enfrentar esta ameaça à medida que mais e mais comunidades são afetadas em todo o mundo [pela dengue]”, afirma Marnix Van Loock, líder da divisão de Patógenos Emergentes da Janssen, em nota.

Dengue no mundo

Mais da metade da população mundial vive em áreas onde a dengue é classificada como uma doença endêmica, incluindo o Brasil. Por aqui, a transmissão da arbovirose ocorre em sua maioria pelo mosquito Aedes aegypti e, mais recentemente, casos em áreas urbanas são associados com o mosquito-tigre-asiático (Aedes albopictus).

Por causa das mudanças climáticas, mais nações começam a enfrentar a doença em larga escala. Neste ano, pela primeira vez, países como os EUA, Espanha e França registram aumentos significativos nos indicadores da dengue, algo incomum.

Independente do país, o tratamento para a dengue envolve o alívio dos sintomas, como a febre, e muita hidratação, mas não há disponível no mercado nenhum antiviral específico. Mais recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a indicar a vacinação de crianças com a vacina Qdenga, da farmacêutica Takeda, para reduzir os estragos dessa infecção na saúde pública.

Fonte: Nature e Johnson e Johnson