Remédio contra câncer no cérebro reduz risco de morte em 61%
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 07 de Junho de 2023 às 18h12
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Quanto mais específico é um tratamento contra o câncer, maiores são as chances da remissão completa e até da cura. O problema é que, mesmo quando se pensa em um câncer no cérebro, existem inúmeros tipos, com especificidades próprias. Para um desses casos, cientistas norte-americanos descobriram que o remédio oral vorasidenibe reduz o risco de morte e a progressão do tumor em 61%.
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Testado por cientistas do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK), nos Estados Unidos, o novo tratamento é eficaz no controle do glioma de grau 2, quando marcado por uma mutação conhecida como IDH1/2. Este é um tipo raro de câncer de cérebro, que contava apenas com opções terapêuticas defasadas há anos.
"Esta representa a primeira nova opção de tratamento para o glioma de baixo grau em mais de 20 anos", afirma Ingo Mellinghoff, presidente do departamento de neurologia do MSK e um dos autores do estudo de Fase 3 do vorasidenibe, em comunicado.
Câncer no cérebro e os riscos para a saúde
Para este tipo de câncer no cérebro, a ciência ainda não descobriu uma cura propriamente dita, já que a resseção (remoção) completa dificilmente é viável. As principais opções de tratamento para os pacientes envolvem o controle do crescimento do tumor, o que demanda cirurgias e sessões de radioterapia e quimioterapia. O lado “positivo” é que tende a ter uma evolução mais lenta.
Por outro lado, o perfil padrão dos pacientes que desenvolvem essa doença é um problema, já que estão no auge da vida produtiva. Em média, o diagnóstico é feito quando o indivíduo está na casa dos 40 anos e, simultaneamente, os primeiros efeitos já podem ser sentidos, em diferentes graus, como dores de cabeça e até convulsões.
Benefícios do novo remédio para o câncer
No atual estudo, apelidado de Índigo, os cientistas recrutaram 331 pacientes, com idades entre 16 e 71 anos, com a mutação IDH. Em comum, todos já tinham sido submetidos a uma cirurgia para remover o máximo possível do tumor no cérebro, mas não realizavam nenhum tratamento adicional.
Aqui, vale destacar que a ação do novo remédio é retardar o crescimento e a evolução do câncer, como foi possível medir, sem a necessidade de outras terapias. O que os autores propõem é uma nova forma de encarar esta doença, sem a necessidade imediata de recorrer aos tratamentos mais agressivos.
Resultados do remédio vorasidenibe
Após as análises, os cientistas descobriram que a medicação reduziu a progressão do tumor e/ou morte em 61%. Além disso, atrasou a necessidade das terapias mais tóxicas para o organismo, como a radioterapia e a quimioterapia, quando comparado aos indivíduos do grupo controle, que tomaram um placebo.
Em média, a doença voltou 27,7 meses (mais de dois anos) depois do tratamento entre aqueles que receberam a medicação, após a cirurgia. No grupo controle, o período caiu para 11,1 meses (menos de um ano). Este é um grande feito, quando se pensa na qualidade de vida desses indivíduos.
Próximos passos da luta contra o câncer no cérebro
Agora, após completar a terceira e última fase dos estudos clínicos, o objetivo é buscar aprovação do novo medicamento nas agências reguladoras responsáveis, como atua a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. Por enquanto, ainda não há um prazo para isso acontecer.
Até o momento, os resultados da pesquisa não foram publicados em nenhuma revista científica. Os dados foram divulgados no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), encerrado na terça-feira (6), nos EUA. Durante o evento, outras novidades animadoras para o tratamento do câncer foram compartilhadas, como o uso da terapia celular CAR-T Cell contra o câncer de sangue e ainda um novo coquetel de medicamentos que leva ao encolhimento do câncer no ovário.