Redução de um ponto no cérebro pode indicar casos de Alzheimer
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Pesquisas preliminares apontam para uma nova possibilidade de diagnóstico em caso de suspeita da doença de Alzheimer: a análise do tamanho do hipocampo, feita por exames de imagem. Quando esta pequena parte do cérebro está menor que o esperado, é bastante provável que a pessoa vá desenvolver sintomas desse tipo de demência ou de outras condições relacionadas com a mente.
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"A perda de volume no hipocampo pode ser detectada precocemente em pacientes com doença de Alzheimer”, afirma Elefteria Kodosaki, pesquisadora da University College London (UCL), no Reino Unido, em artigo para o site The Conversation.
Inclusive, a especialista explica que “esta perda de volume [no hipocampo] tende a anteceder os primeiros sinais de declínio cognitivo”. Em outras palavras, a redução desse ponto no cérebro costuma ocorrer antes mesmo da perda de memória, tão característico da doença.
O que é hipocampo?
Aqui, é importante explicar que o hipocampo, mesmo que seja pequeno e esteja “escondido” na base do lobo temporal, desempenha inúmeras funções importantes no cérebro. Por exemplo, é a área responsável por transformar as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo, muito mais resilientes à nossa mente. Também auxilia na regulação das emoções e está por trás da capacidade de navegação especial.
A seguir, veja onde está localizado o hipocampo no cérebro humano e de um roedor:
Conforme uma pessoa envelhece, é natural que o hipocampo perca volume. No entanto, as alterações mais drásticas e as reduções muito rápidas no tamanho estão normalmente associadas a alguma doença, como o Alzheimer.
Indicador do Alzheimer no cérebro
Diante dessas questões, uma equipe internacional de pesquisadores resolveu investigar como a redução do tamanho do hipocampo se relaciona com a doença do Alzheimer. Para isso, foram recrutados 128 idosos, que foram acompanhados por um período médio de 10 anos.
No início do estudo, os participantes não tinham diagnóstico para algum tipo de demência. Eles também apresentavam níveis normais de capacidade cognitiva. Só que, com o passar dos anos e o processo de envelhecimento, foi possível observar que a atrofia do volume hipocampal (HV) era uma medida recorrente em pacientes com Alzheimer, conforme descrevem os autores em artigo publicado na revista Neurology.
Em alguns casos, a redução do tamanho do hipocampo não estava relacionada com o acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro, como a beta-amiloide. O interessante é que essas proteínas são consideradas, hoje, a principal causa da doença e de diagnóstico, mas podem não ser as únicas. Afinal, existem outros fatores que contribuem com a doença.
Doenças que afetam o hipocampo
Apesar dos achados, a pesquisa ainda é bastante inicial. Isso porque outras doenças, além do Alzheimer, também podem causar o encolhimento do hipocampo. Por exemplo, o menor volume desse ponto no cérebro foi associado com casos de depressão, transtorno de ansiedade, síndrome de Cushing ou ainda transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Além disso, os cientistas já sabem que determinados comportamentos podem contribuir com a redução do volume do hipocampo, como o consumo excessivo de álcool. A falta de higiene bucal também compromete a região. Então, o achado ainda precisa ser melhor explorado, antes que seja aceito como uma forma efetiva de diagnóstico.
Fonte: Neurology e The Conversation