Rede neural específica cresce no cérebro de quem tem depressão
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Nos Estados Unidos, pesquisadores do Weill Cornell Medicine descobriram que uma rede neural é aumentada na maioria dos pacientes com depressão. A região afetada é a rede de saliência, envolvida nos processos de tomada de decisões.
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A rede de saliência "é expandida quase duas vezes no córtex [cerebral] da maioria dos indivíduos com depressão", afirmam os autores da pesquisa, no estudo recém-publicado na revista Nature.
A identificação de que uma parte maior do cérebro está envolvida nesta rede em pacientes com quadros de depressão foi possível após a análise de scanners cerebrais, captados por mais de um ano de acompanhamento, através da técnica de ressonância magnética funcional (fMRI).
Ainda não se sabe se o padrão observado no cérebro de pessoas com depressão é um efeito da condição. Ainda é possível que a descoberta tenha conexão com a origem da condição que afeta o humor e pode causar graves complicações.
Mudanças no cérebro com depressão?
No estudo, os pesquisadores norte-americanos analisaram o comportamento das redes neurais em mais de 140 pessoas com depressão. Em paralelo, os mesmos exames foram realizados em indivíduos sem a condição, buscando comparar as possíveis alterações.
Como já adiantamos, a rede de saliência é quase duas vezes maior nos pacientes depressivos. Esta rede engloba (e ativa) um grupo de regiões cerebrais no córtex frontal e estriado, ligadas ao processamento de recompensas e à determinação de quais estímulos merecem maior atenção.
Em análises complementares, os cientistas também observaram que a rede neural é aumentada em crianças, sem diagnóstico de depressão, mas que irão desenvolver o quadro mais tarde, durante a adolescência. Então, a avaliação poderá futuramente fornecer um sinal de alerta e risco precoce.
Melhorando o diagnóstico da depressão
“Por anos, muitos pesquisadores presumiram que as redes cerebrais parecem as mesmas em todos [os cérebros]”, explica Charles Lynch, professor assistente de neurociência e autor principal do estudo, em nota.
Entretanto, “as descobertas, neste trabalho, se baseiam em um crescente corpo de pesquisa indicando que há diferenças fundamentais entre os indivíduos”, destaca Lynch. Agora, a ciência está mais próxima de mapear os impactos dessas alterações e conectá-las a determinados quadros, como a depressão.
Para isso se tornar um protocolo de diagnóstico, mais estudos e análises de redes neurais são necessárias, validando as descobertas concentradas em um número pequeno de voluntários. No futuro, a detecção da área que cresce poderá servir como alvo de novas terapias.
Fonte: Nature, Weill Cornell Medicine