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Quem tem síndrome dos ovários policísticos deveria ser prioridade na vacinação?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Maio de 2021 às 18h20

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 Tore F/Unsplash
Tore F/Unsplash

Em alguns países, a vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2 contempla apenas os grupos prioritários, incluindo aqueles pacientes têm alguma comorbidade, como diabetes ou portadores de deficiência neurológica grave, por exemplo. No entanto, médicos alertam para a necessidade de inclusão de mulheres com a síndrome dos ovários policísticos (SOPC) na prioridade da imunização contra a COVID-19.

A SOPC é causada por um desequilíbrio dos hormônios reprodutivos e essa condição pode levar a ciclos menstruais irregulares, níveis elevados de andrógenos, obesidade e cistos ovarianos, dependendo do grau. É estimado que uma em cada 10 mulheres, em idade reprodutiva, tenha a síndrome dos ovários policísticos.

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"Meu conselho seria incluir mulheres com a síndrome como potencialmente um grupo de alto risco [para a COVID-19]", defendeu a Katherine Sherif, chefe de Saúde da Mulher no Departamento de Medicina da Universidade de Jefferson, nos Estados Unidos, para a CNN. No entanto, a médica destaca a dificuldade em sensibilizar as pessoas sobre SOPC e os potenciais riscos da infecção neste grupo.

O que é a síndrome dos ovários policísticos?

"A síndrome é completamente subestimada em seu impacto. É uma espécie de problema reprodutivo que não é clinicamente relevante, mas isso é completamente errado. As pacientes precisam ser vistas como uma população de alto risco", afirmou Wiebke Arlt, diretora do Instituto de Pesquisa em Metabolismo e Sistemas da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Isso porque pelo menos metade dessas mulheres desenvolve diabetes antes dos 40 anos, apresentam pressão alta e tem maior risco de câncer endometrial, por exemplo. A questão é que essas complicações podem ser associadas também a um maior risco de quadros graves da COVID-19.

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Relação entre a síndrome, a COVID-19 e a vacinação

No entanto, ainda foram feitas poucas pesquisas com o grupo e a relação com o coronavírus SARS-CoV-2, o que afeta o direcionamento de políticas públicas para este grupo. Tudo isso porque a síndrome, segundo Arlt e Sherif, tende a ser considerada como um problema de saúde da mulher, limitada ao ovário. “As pessoas analisaram a obesidade, o diabetes tipo 2, a hipertensão e as doenças cardíacas, mas não analisaram a síndrome sistematicamente antes de nós. Porque simplesmente não consideram isso um fator de risco metabólico. Isso é algo que gostaríamos de mudar”, explicou Arlt.

Por outro lado, Arlt — uma das primeiras pesquisadoras a investigar a condição e sua relação com a COVID-19 — defende uma nova visão para o quadro. Nesse sentindo, o correto seria tratar a síndrome como uma "doença metabólica vitalícia" e, quanto maior for o risco metabólico, maior é a possibilidade de se infectar pelo coronavírus.

Publicado na European Journal of Endocrinology, o estudo de Arlt calculou que mulheres com a síndrome apresentavam um risco 28% maior de contraírem a infecção do que mulheres sem, no Reino Unido. Para esta conclusão, foram usados registros de atenção primária de janeiro a junho de 2020, com mais de 21 mil mulheres com a síndrome e outras 78 mil sem a condição. Além disso, elas foram pareadas por idade e localização.

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No entanto, os dados do banco The Health Improvement Network eram limitados e, dessa forma, não foi possível checar a resolução dos casos da COVID-19, como complicações e eventuais óbitos em decorrência da infecção. Agora, mais estudos são necessários para compreender, de forma mais aprofundada, a relação da síndrome com o coronavírus.

Para acessar o estudo que relaciona a síndrome com casos da COVID-19, publicado na revista científica European Journal of Endocrinology, clique aqui.

Fonte: CNN