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Que bafômetro, o quê! Este protetor auricular detecta álcool no sangue

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Junho de 2021 às 17h00

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Garloon/Envato Elements
Garloon/Envato Elements

Para identificar a presença de álcool no organismo de uma pessoa, uma equipe de pesquisadores japoneses transformou um protetor auricular comum em um equipamento sensível às concentrações etílicas no organismo. O mais curioso do projeto não invasivo é que o equipamento funciona a partir de vapores emitidos pelo próprio usuário.

Em estudo publicado na revista Scientific Reports, os pesquisadores da Universidade de Medicina e Odontologia de Tóquio e da Universidade Kansai detalharam como funciona o aparelho que pode avaliar a concentração de álcool no sangue do usuário, a partir de sensores bioquímicos na região do ouvido. Toda vez que estes sensores detectam a presença de álcool, uma luz é acessa e, quanto mais intensa for essa luz, maior é a concentração etílica.

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Como funciona?

Pode parecer muito estranho um aparelho que mede o álcool no sangue de uma pessoa a partir de vapores eliminados através da região do ouvido, mas não é. Para entender o seu funcionamento, é preciso lembrar dos compostos orgânicos voláteis (VOCs), emitidos como vapores.

Diariamente, o corpo libera centenas de VOCs. Algumas dessas substâncias estão relacionadas ao metabolismo do indivíduo, enquanto outras podem ser o resultado do processo desencadeado por uma doença específica e que intensifica a liberação de diferentes compostos orgânicos voláteis pela pele. Por exemplo, em alguns casos, pessoas que adoecem exalam um determinado odor e esse cheiro é causado pelas mudanças nas secreções gasosas dos VOCs.

No caso dos pesquisadores japoneses, eles se concentraram nos vapores emitidos em função do metabolismo de uma pessoa. Isso porque, conforme os níveis de álcool aumentam na corrente sanguínea, o vapor do etanol também é liberado através da pele.

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A partir desse mecanismo do organismo, os autores desenvolveram uma forma de determinar a concentração de álcool, medindo as quantidades de vapor de etanol liberado na região das orelhas. O local foi definido por não haver interferência das glândulas sudoríparas — aquelas responsáveis pelo suor —, o que poderia desregular os sensores bioquímicos instalados no protetor auricular comum.

Testes com o protetor auricular

Para avaliar a eficácia do equipamento, os pesquisadores monitoraram continuamente, durante 140 minutos, o vapor etílico liberado pelos ouvidos de três participantes do sexo masculino que consumiram álcool. Em paralelo, foram avaliadas as concentrações de álcool na respiração dos voluntários usando outro sensor sensível para o etanol, tipo um bafômetro.

De acordo com os autores, o novo dispositivo pode detectar a concentração de etanol nas orelhas, e essas medições foram semelhantes aos outros testes realizados nos três participantes. Isso sugere que o dispositivo poderia ser, no futuro, uma nova alternativa na identificação da concentração alcoólica no sangue de uma pessoa.

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"O sistema de monitoramento é potencialmente aplicável a outros VOCs através da alteração de uma enzima. Usando essa versatilidade, iremos investigar VOCs derivados do ouvido externo para usos não invasivos, em tempo real, da avaliação do metabolismo [para outros fins] e do rastreamento de doenças", concluem os pesquisadores sobre as aplicabilidades da descoberta.

Para acessar o estudo completo, publicado na revista Scientific Reports, clique aqui.

Fonte: IFL Science