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Produtos químicos eternos contaminam rios de SP pela primeira vez

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Outubro de 2023 às 14h50

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Wirestock/Freepik
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Quando se fala sobre os contaminantes mais comuns na água, é comum pensar no esgoto não tratado, fertilizantes e coliformes fecais. Embora estes dejetos ainda sejam um problema, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriram poluentes inéditos nas águas da bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, popularmente conhecida como Bacia PCJ, como partículas derivadas de materiais antiaderentes, os "produtos químicos eternos". No total, foram identificados 45 contaminantes.

O problema dos novos contaminantes é que, em sua maioria, ainda não há legislação específica para determinar a concentração máxima na água, como os derivados dos materiais antiaderentes. Por outro lado, sabe-se que há riscos para a saúde relacionados com a exposição crônica.

A bacia hidrográfica PCJ

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No estado de São Paulo, a bacia hidrográfica PCJ se estende por 76 municípios e tem uma área de drenagem superior a 14 mil quilômetros quadrados. As suas águas são usadas para atender a agricultura, a indústria e o consumo doméstico na região.

“Além de ser a principal fonte de água potável de toda a área, a bacia do PCJ fornece água para irrigação, que não recebe nenhum tratamento antes de ser utilizada nos campos agrícolas”, explica Cassiana Carolina Montagner, professora do Instituto de Química da Unicamp e coordenadora do estudo, para a Agência Fapesp.

A pesquisadora também afirma que “a região abriga muitas cidades pequenas que lançam esgoto quase in natura nos rios”, o que contribui ainda mais para que sejam observados contaminantes emergentes, ainda não legislados.

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No atual estudo, a equipe de cientistas coletou amostras de 15 pontos diferentes da bacia. Em seguida, analisaram os contaminantes conforme a concentração, frequência e toxicidade. Os resultados completos foram publicados na revista Chemosphere.

Teflon e os produtos químicos eternos

De forma mais técnica, o que o torna uma material antiaderente, impermeável e resistente a manchas são as PFAS (substâncias per e polifluoroalquil), informalmente apelidados de produtos químicos eternos por terem extraordinária resistência. No mercado, são normalmente usados no revestimento de uma frigideira, onde você não precisa usar óleo para fritar um ovo ou em agasalhos impermeáveis, por exemplo. Enquanto esses usos pontuais são relativamente seguros, o material pode contaminar o ambiente e ser acidentalmente consumido por pessoas e animais.

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Segundo a agência norte-americana Environmental Protection Agency (EPA), problemas à saúde humana já foram associados à exposição em grandes quantidades das PFAS. Entre eles, estão:

  • Diminuição da fertilidade em mulheres;
  • Atraso no desenvolvimento de crianças e puberdade acelerada;
  • Aumento do risco de alguns cânceres, como próstata, rim e testículo;
  • Alterações no sistema imunológico;
  • Interferência nos hormônios naturais do corpo;
  • Aumento do risco de obesidade.

PFAS na bacia de SP

No recente estudo sobre os contaminantes encontrados nos rios do estado de São Paulo, os pesquisadores identificaram a ocorrência de sete PFAS diferentes. Segundo Montagner, esta foi a primeira vez que foram identificados por uma pesquisa na região.

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Mais contaminantes nas águas

Embora as partículas dos produtos químicos eternos chamem a atenção, estes não foram os únicos contaminantes identificados nas águas da bacia hidrográfica do interior de São Paulo. Os autores também destacam os seguintes compostos:

"A avaliação preliminar dos riscos indica que vários pesticidas, cafeína, produtos químicos industriais e PFAS estavam presentes em concentrações que poderiam ameaçar a vida aquática", destacam os autores no estudo.

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Soluções para a contaminação

“Além de velhos problemas de poluição não resolvidos, como a contaminação por coliformes fecais, por exemplo, há novos problemas causados pela presença dos contaminantes emergentes, que são produzidos para garantir a qualidade de vida moderna, mas chegam ao ambiente devido à má gestão dos resíduos sólidos e saneamento ineficiente”, reforça a pesquisadora Montagner.

No campo das soluções, a especialista explica que “é necessário estabelecer um programa de monitoramento abrangente para garantir a proteção da vida aquática e da saúde humana” das bacias hidrográficas. Também é importante investir no tratamento do esgoto. Caso contrário, o consumo de água poluída será mais comum que o desejado, como apontam outros levatamentos sobre o tema.

Fonte: Chemosphere, EPA e Agência Fapesp