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Primeiras vacinas contra COVID-19 não devem controlar a pandemia; entenda

Por| 28 de Outubro de 2020 às 21h20

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Cottonbro/Pexels
Cottonbro/Pexels

As expectativas por uma vacina eficaz e segura contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), produzidas em um tempo recorde, são altas. Isso porque esse imunizante contra a COVID-19 poderia impedir, em tese, uma segunda onda da pandemia que começa a atingir países da Europa. No entanto, pesquisadores britânicos e norte-americanos recomendam moderação desses sentimentos para evitar frustrações futuras.

"Não sabemos se algum dia teremos uma vacina. É importante se prevenir contra a complacência e o otimismo excessivo. A primeira geração de vacinas tende a ser imperfeita, e devemos estar preparados para que não previnam a infecção, mas reduzam os sintomas e, mesmo assim, podem não funcionar para todos ou por muito tempo", defende análise sobre vacinas contra a COVID-19, publicada na revista científica The Lancet. A autora do texto é Kate Bingham, chefe da força-tarefa britânica criada para o desenvolvimento dos imunizantes durante a pandemia.

Infelizmente, de acordo com Bingham, não se pode descartar a hipótese das potenciais vacinas contra a COVID-19, em desenvolvimento hoje, se demonstrarem ineficazes. Ou ainda ineficazes para grupos específicos da população, como os idosos. Nesse sentido, a autora defende que os imunizantes não serão "uma bala de prata" e nem que permitirão que a vida volte ao normal "da noite para o dia".

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Além da autoridade no Reino Unido, um número crescente de especialistas tentam dosar as expectativas em relação a uma vacina contra o novo coronavírus. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já se posicionou sobre o assunto, além de pesquisadores brasileiros.

Vacinas contra casos graves da COVID-19

Também é possível que as vacinas contra a COVID-19, em fase de desenvolvimento, ajam de uma forma um pouco diferente da esperada, mesmo que positivamente. Segundo o especialista em doenças infecciosas e cientista-chefe da equipe especial da Casa Branca contra o coronavírus, Anthony Fauci, a grande maioria das vacinas contra a COVID-19 não devem evitar o contágio e, sim, a forma mais grave da doença.

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"O objetivo principal para [vacinas contra] a maioria dos vírus é para prevenir doenças clínicas, para prevenir doenças sintomáticas, e não necessariamente para prevenir infecções. Esse é um objetivo secundário. A principal coisa que você quer fazer é que, se as pessoas forem infectadas, que se evite que elas fiquem doentes. E se você evita que fiquem doentes, você acabará evitando que fiquem gravemente doentes", afirmou Fauci durante um evento online na segunda-feira (26).

Caso um imunizante consiga evitar, eventualmente, o contágio do coronavírus, o controle desta pandemia seria muito mais eficaz. No entanto, Fauci defende que é muito mais provável que a imunização em massa não gere esse resultado esperado e nem leve o controle imediato da COVID-19.

Aprovação da vacina contra a COVID-19

Em artigo publicado na revista Annals of Internal Medicine, pesquisadores avaliavam como poderia ser o grau de eficácia de uma vacina contra a COVID-19. O desafio está na complexidade da doença, que pode ser acompanhada de nenhum sintoma ou por mais de 10 simultaneamente. Um dos riscos que o grupo de cientistas alerta é o de vacinas que possam impedir o aparecimento de sintomas, mas não da infecção. Por exemplo, esse cenário poderia levar a um aumento silencioso de casos assintomáticos do coronavírus.

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Para evitar essa situação, seria essencial acompanhar, através da testagem, a presença ou não da infecção nos voluntários que receberam as vacinas contra a COVID-19 em estudos. Isso mesmo nos casos em que as pessoas não apresentem nenhum sintoma da infecção.

De forma generalista, os imunizantes podem evitar a doença por completo, impedir sintomas moderados e leves ou evitar apenas a forma grave da infecção —  aquela considerada fatal. Todas essas possibilidades serão positivas no controle da COVID-19, só será necessário entender as limitações entre os diferentes imunizantes disponíveis para se fazer a melhor escolha de vacinação para cada grupo.

Para acessar o artigo publicado na revista The Lancet, clique aqui. E para conferir o artigo da Annals of Internal Medicine, clique aqui.

Fonte: G1