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Prender a respiração prejudica a memória e o aprendizado

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Agosto de 2023 às 09h44

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mohdizzuanbinroslan/envato
mohdizzuanbinroslan/envato

Um estudo publicado na revista científica Nature Communications no último mês de julho revelou que prender a respiração pode prejudicar o aprendizado e impedir que o cérebro retenha aquela memória específica. Para chegar a essa descoberta, os pesquisadores conduziram experimentos em roedores.

A equipe modificou esses animais geneticamente para conseguir controlar a respiração manipulando neurônios no complexo pré-Bötzinger, área responsável por regular a respiração, e então conduziu vários tipos de testes de memória, desde o reconhecimento de objetos até o condicionamento do medo.

Ao desativar temporariamente a respiração dos roedores durante esses exercícios, eles se tornavam menos capazes de formar novas memórias. Essas pausas na respiração também impactaram o hipocampo, que desempenha um papel no armazenamento da memória de curto e longo prazo.

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Durante o estudo, os autores descobriram que alguns dos padrões respiratórios levaram a um melhor processamento da memória, mas também descobriram que diminuir a respiração durante esses exercícios resultou em processamento de memória reduzido.

As descobertas sugerem possíveis terapias para o tratamento de algumas lesões ou distúrbios cerebrais. Os pesquisadores também afirmam que certos exercícios respiratórios podem ajudar a lembrar de alguma coisa específica. Segundo o grupo, pode ser o começo de uma nova área de pesquisa que analisa o papel que a respiração desempenha nos mecanismos moleculares do cérebro e no processamento da memória em geral.

Como o cérebro armazena memórias?

Anteriormente, outros pesquisadores descobriram que o cérebro rotaciona as memórias para não serem substituídas por novas informações. O que acontece é que, todas as vezes em que acordamos, o cérebro faz o trabalho de absorver novas informações, enquanto se apega às memórias de curto prazo. Para cumprir essa tarefa, o órgão precisa distinguir a percepção e a memória para que o fluxo de dados recebidos não interfira nos estímulos obtidos anteriormente.

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O cérebro não divide de forma nítida a função que trabalha com a memória de curto prazo de forma exclusiva nas áreas cognitivas superiores, como o córtex pré-frontal. Outras regiões sensoriais e centros corticais inferiores responsáveis por detectar e representar experiências acabam codificando e armazendo as memórias nelas mesmas.

Mas você sabe como o cérebro encontra concentração? Estudo revelaram que os neurônios do córtex pré-frontal precisam trabalhar juntos em sincronia para focar nossos pensamentos.

Por que esquecemos as coisas?

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Anteriormente, o Canaltech entrevistou especialistas para saber por que esquecemos as coisas. Na ocasião, Luiz Scocca — psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP e membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA) — apontou que muitos casos de esquecimento da memória de longo prazo resultam da perda de acesso à informação e não da perda da informação propriamente dita.

Ou seja, uma memória fraca muitas vezes reflete uma falha de recuperação ao invés de uma falha de armazenamento. "Podemos enfrentar erros de recuperação, quando materiais novos ou antigos entram em disputa, quando não temos pistas de recuperação adequadas, ou possivelmente, em raras situações, devido ao esquecimento motivado", explicou o especialista.

Pesquisadores da Universidade de Toronto afirmaram que é importante que o cérebro esqueça detalhes irrelevantes e, em vez disso, concentre-se nas coisas que ajudarão a tomar decisões no mundo real. Logo, a melhor coisa para armazenar memórias é não memorizar absolutamente tudo.

Fonte: Nature Communications, Medical XpressIndependentScientific Reports