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"Postos do SUS nunca mais serão os mesmos", diz Luiza Trajano sobre vacinação

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Outubro de 2021 às 16h30

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Gstockstudio/Envato Elements
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Com colaboração de Luciana Zaramela

Em momentos de dificuldade — como a pandemia da covid-19 —, é que o verdadeiro valor das coisas é revelado. Por mais comum que possa parecer, a frase descreve o exato desafio dos brasileiros — e da maioria dos países — na pandemia. E é com a união da sociedade civil e das entidades públicas que o movimento Unidos pela Vacina acredita que é, sim, possível alcançar cerca de 150 milhões de pessoas vacinadas no Brasil.

Desenvolvido pelo Grupo Mulheres do Brasil, o movimento apartidário agregou mais de 4,5 mil voluntários e 400 doadores (empresas e/ou pessoas físicas) para garantir que o Sistema Único de Saúde (SUS) pudesse atender à demanda da vacinação contra a covid-19, atualizando as dependências de inúmeras Unidades Básicas de Saúde (UBS) pelo país. Até agora, foram mais de 50 milhões de reais levantados e que se reverteram em 1,95 milhões de itens doados — como computadores, câmaras frias, caixas térmicas e tendas — para 4.072 cidades brasileiras.

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“Estamos facilitando [o acesso à vacinação], não é [só para] a covid. É toda a vacinação. Os postos do SUS nunca mais serão os mesmos. É um legado que estamos deixando", afirma a presidente do Conselho do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, em entrevista exclusiva para o Canaltech.

O Movimento Unidos pela Vacina “mostrou a força de uma sociedade civil unida”, destaca. “Gente de tudo que é lado começou a aparecer e, de repente, virou uma empresa muito grande”, compara Luiza sobre a estrutura que foi montada para ajudar no acesso às vacinas, no tempo certo.

Nesse caminho, Trajano conta que a iniciativa trabalhou entendendo as necessidades do Ministério da Saúde, dos estados e, principalmente, nos municípios para atender à demanda da vacinação. "Também ajudamos no que eles precisavam [no campo] de conscientização da população. Criamos peças com artistas para conscientizar a população que tinha que se vacinar. Foi toda uma estratégia de marketing", complementa.

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Brasil pode ser modelo em saúde pública

Quanto aos números de imunizados contra a covid-19 e o avanço da campanha de imunização, Trajano ressalta o sucesso brasileiro. "Muito mais do que nos Estados Unidos. Lá, eles estão dando prêmio, dinheiro para quem se vacinar", lembra. De acordo com pesquisa do Datafolha, divulgada em agosto de 2020, mais de 89% da população brasileira queria se imunizar. Nos últimos meses, o desejo tem se refletido na adesão aos imunizantes.

Segundo a plataforma Our World in Data, mais brasileiros já receberam pelo menos uma dose do imunizante contra a covid-19 do que as pessoas nos EUA. Aqui, a vacinação já alcançou 72% da população. Entre os norte-americanos, a porcentagem está em 64%. "A gente tem uma cultura de vacinação", destaca Trajano, sobre o trabalho desempenhado pelo SUS desde sua implementação e do calendário nacional de vacinação para todas as idades.

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Inclusive, há duas semanas, Luiza Trajano participou de uma campanha pela vacinação contra a paralisia infantil (poliomielite), do Rotary International. O material que, ainda deve ser divulgado, destaca justamente a importância da imunização pediátrica. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994 e, alguns anos antes da conquista, é que o Zé Gotinha nasceu. Este foi mais um dos exemplos de uma campanha nacional que contou com o engajamento popular. Hoje, outros países ainda lutam contra a doença.

Força do SUS

Luiza Trajano entende que "a vacinação da covid até resgatou essa cultura [de vacinação] que já é nossa". No caso da atual campanha contra a covid, ela conta que, através do Unidos pela Vacina, "a gente teve acesso a todos os postos do SUS, até aqueles mais remotos e mais pobres. Faltava equipamento, mas não faltava alguém apaixonado por vacinas".

Para o futuro, Trajano acredita que o SUS pode se tornar, ainda mais, um modelo de saúde pública. "Se a gente colocar o SUS com digitalização e um pouco mais de governança, é certeza. Não tem nada igual. Imagina você podendo marcar tudo por celular, ver se atrasou. Na constituição, é a coisa mais perfeita", destaca. Inclusive, países buscam aprender com o sistema brasileiro, o que "é muito gratificante".

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Movimento da sociedade civil pela vacinação

Se o engajamento pela vacinação e pela doação — de tempo e dinheiro — foi tamanho, não existe outra explicação que não o envolvimento da sociedade. No Unidos Pela Vacina, entrou pesquisador, profissional da saúde, advogado, especialista em logística, publicitário, comunicador, ator, músico, empresário e outros inúmeros perfis de colaboradores. Trajano comenta, inclusive, que um doador conseguiu juntar 700 reais das próprias economias, porque queria contribuir e fazer a diferença.

"Nesses [municípios] mais pobres, todo mundo precisava de tudo. E ainda estamos entregando [doações]", explica Trajano sobre a importância da iniciativa. Para coordenar um projeto da magnitude do Brasil, foi preciso descentralizar e, em cada estado, havia uma integrante do Grupo Mulheres do Brasil e um empresário principal. "Lutamos muito para que os patrocinadores não dessem só para as cidades de muita visibilidade, mas para as cidades pequenas que estavam precisando", completa Luiza sobre a iniciativa que acelera a vacinação contra covid e garante a proteção aos brasileiros.

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Fonte: Our World in Data e Opas