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Unidos Pela Vacina, liderado por Luiza Trajano, angaria milhões em doações

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Outubro de 2021 às 18h21

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Micens/Envato Elements
Micens/Envato Elements

Com colaboração de Luciana Zaramela

Com o surgimento do coronavírus SARS-CoV-2 e as consequências da pandemia, os especialistas foram unânimes ao apontar a necessidade das vacinas contra a covid-19. É neste cenário que a presidente do Conselho do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, agregou diferentes setores da sociedade brasileira no movimento apartidário Unidos pela Vacina. Em menos de 10 meses, 50 milhões de reais foram levantados para ajudar — e acelerar — a vacinação dos brasileiros.

Em entrevista ao Canaltech, Luiza Helena contou as dificuldades e as boas descobertas desta jornada com o movimento Unidos Pela Vacina. "Estamos aqui para facilitar o trânsito, o transporte, a chegada [dos imunizantes] e o que for preciso", adianta, sobre a iniciativa que atende mais de 4 mil cidades do país.

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Vacinação da covid no Brasil 

Mais de 96,3 milhões de brasileiros já receberam as duas doses da vacina contra a covid-19 ou o imunizante de dose única, o que equivale a mais de 45% da população brasileira, segundo dados da plataforma Our World in Data. Outras 56,9 milhões de pessoas iniciaram o processo e aguardam a segunda dose. Além disso, 1,5 milhão de doses de reforço já foram distribuídas para o público-alvo, como idosos e profissionais da saúde.

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Encarar esses números e o avanço da vacinação nacional traz uma sensação de alívio. No entanto, chegar até este momento exigiu esforço das autoridades públicas e, principalmente, da sociedade civil. No processo, inúmeras barreiras e gargalos foram identificados nos postos de vacinação, como falta de geladeiras e de computadores, por exemplo.

Vale destacar que este último é um item fundamental para disponibilizar os dados no sistema do Ministério da Saúde. Inclusive, Luiza explica que "a segunda dose já foi muito mais forte do que estão anunciando". A questão é que se anuncia os números conforme as equipes dos postos de saúde digitam e atualizam as planilhas. Só que a digitalização do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é um desafio.

"O Magalu precisa comprar vacinas"

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Com as primeiras vacinas contra a covid-19 disponíveis no mundo, Luiza escutou e recebeu mensagens diversas, que pediam: "O Magalu precisa comprar vacinas". Em resposta, ela explicava: "Não adianta eu vacinar meus funcionários e deixar a família, o ônibus em que andam e o metrô desvacinado. Não adianta eu me vacinar e deixar os outros sem vacina". E ressalta: "No começo, foi muito difícil".

Ainda em dezembro de 2020, o embrião do Unidos Pela Vacina começava a surgir com o Grupo Mulheres do Brasil, que possuí mais de 95 mil integrantes. Naquele momento, eram estudados os possíveis cenários para o país, mas já sabiam que "a pandemia só se 'curava' com 75% dos vacinados", explica. "Tentamos fazer um teste, mas estava muito longe da população querer se vacinar. O Brasil ainda não tinha vacina disponível", conta Trajano. Agora, em janeiro, viram que "não dava para ficar de braços cruzados".

As Mulheres do Brasil conheciam a estrutura do SUS, por causa de outras atividades coordenadas. "Sabia que em cada lugar desse país tinha uma UBS, uma referência em vacinação. Também sabíamos ter 4 a 5 empresas fabricando vacinas no mundo — que ficaram prontas antes", explica, sobre o cenário. Em paralelo, não existiam vacinas disponíveis para a compra por empresas ou pessoas físicas. "Quem patrocinou as vacinas dos consórcios do mundo inteiro não ia querer que vendesse para ricos", resume.

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Diante dessa realidade, de forma apartidária e sem interesses comerciais, nasceu o Unidos Pela Vacina. Além desta premissa básica, o movimento se propôs a: gerar engajamento com foco na solução; não reclamar nem procurar culpados; olhar para frente, enxergando o que pode ser feito no futuro; e dialogar com os governos em todas as esferas, incluindo as prefeituras.

O SUS e as prefeituras na luta contra a covid

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Nessa jornada, a primeira etapa foi acessar o Ministério da Saúde. Em seguida, "fizemos muitas reuniões com as centrais de prefeitura, prefeituras, sindicatos, com todo mundo que vocês pensassem. Foi um fenômeno", conta Trajano. Até agora, o projeto chegou a 4.072 municípios brasileiros e está presente em todos os estados do país.

"Em março, fizemos uma pesquisa [para as prefeituras] com perguntas criadas pelo nosso comitê de saúde. O que eles precisavam para a partir de junho vacinar melhor", explica, sobre o mote do questionário. Isso porque a previsão era que, a partir da metade do ano, o volume de vacinação aumentasse e fosse necessário garantir estrutura suficiente para atender a todos pontos de imunização.

Suporte

Em linhas gerais, o movimento se dispôs a entender as necessidades individuais de cada cidade que aceitou participar, a partir de empresas madrinhas — que realizam as doações e, assim, aceleravam a vacinação nesses municípios. "Tivemos uma área de compliance. Nós não pegamos dinheiro", afirma Trajano.

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"Montamos uma estrutura para os 400 doadores. Primeiro, mapeamos as necessidades e checamos as necessidades, com muitos voluntários [para sermos precisos, 4,5 mil] — que ainda estão trabalhando. Com os doadores, obtivemos mais de 50 milhões de reais", detalha. A partir das doações, foi possível garantir que os postos de vacinação tivessem, por exemplo, computadores, câmaras frias, caixas térmicas e tendas — para montar pontos rotativos de imunização.

No total, mais de 1,95 milhão de itens necessários para a infraestrutura da vacinação nacional contra a covid-19 foram doados. "Em setembro, atingimos o que a gente queria. Era a vida voltar mais ao normal e as pessoas recomeçarem a sair", conta Luiza. No entanto, "continuamos na logística", enquanto a vacinação avança.

Fonte: Our World in Data e Ministério da Saúde