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Pessoas solitárias respondem a interações sociais de formas diferentes

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Junho de 2023 às 13h32

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Adrien Olichon/ Unsplash
Adrien Olichon/ Unsplash

A relação entre solidão, atividade cerebral e interações sociais foi estudada por cientistas da psicologia, com resultados apontando que indivíduos reportados como solitários processam informações sociais de forma diferenciada no cérebro — em comparação com quem não sente a solidão, isso contribuiria para sentimentos de isolamento e falta de conexão com outras pessoas.

Entre os apontamentos do estudo, está o reforço de que as conexões sociais são importantes para um bem-estar psicológico. O tamanho da pesquisa, no entanto, indica serem necessários estudos mais generalizados e aprofundados, bem como intervenções efetivas precisam ser buscadas para ajudar solitários a melhorar suas relações sociais e qualidade de vida.

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Como criaturas sociais, seres humanos precisam se conectar aos outros para garantir seu bem-estar físico e mental — isolamento e solidão já foram ligados, por diversos estudos, a condições perigosas como depressão, ansiedade, distúrbios cardiovasculares e até mesmo mortalidade.

O que é solidão?

A solidão é definida como o sentimento subjetivo de isolamento social ou falta de conexões sociais, que pode atingir pessoas de todas as idades e origens, sendo consideravelmente comum. O grupo no qual a sensação é mais prevalente, no entanto, é o dos jovens adultos, com estudos mostrando que até 80% dos indivíduos em cursos superiores experimentando solidão em algum momento da carreira acadêmica.

Sentir-se entendido por outros humanos é um fator crítico para as conexões sociais e se associa a uma maior satisfação com a vida no geral. Ao se sentir entendido, é mais fácil que indivíduos se engajem em comportamentos pró-ativos socialmente, como ajudar e cooperar com seus pares. Com isso, também é mais provável que experimentem emoções positivas, como felicidade e contentamento.

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Como o cérebro processa a solidão

Para investigar esse sentimento, uma equipe de cientistas investigou as correlações inter-sujeito (CIS) e sua presença na atividade cerebral durante uma sessão de cinema “natural”. As CIS medem a similaridade de atividade cerebral entre duas ou mais pessoas, e já foram utilizadas para estudar como indivíduos processam e respondem a informações sociais.

Foram estudados 66 estudantes do primeiro ano de uma universidade pública nos Estados Unidos, com 18 a 21 anos. Seus cérebros foram escaneados via ressonância magnética enquanto assistiam a um trecho de filme mostrando duas pessoas interagindo de maneiras socialmente significativas. A atividade foi escolhida pelos cientistas por permitir a investigação do cérebro dos participantes em resposta a estímulos sociais naturalísticos, ao invés de atividades laboratoriais artificiais.

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Níveis mais altos de solidão mostraram associação com taxas menores de CIS em diversas regiões do cérebro, incluindo córtex pré-frontal dorsal medial, giro do cíngulo anterior (ou córtex supracaloso) e sulco temporal superior. Elas estão envolvidas na cognição social e processamento de informações sociais.

Altos níveis de solidão também foram associados a maior ativação em regiões com efeitos negativos, como a ínsula e a amígdala cerebelosa, sugerindo que a emoção pode estar associada a uma maior sensibilidade a sugestões sociais negativas e uma maior sensação de perigo social.

Segundo os cientistas, isso demonstra que pessoas solitárias processam o mundo de forma idiossincrática, ou seja, diferenciada, o que pode contribuir para uma sensação de menor entendimento pelo outro, algo que costuma acompanhar o sentimento de solidão.

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Pessoas não-solitárias mostraram ser similares umas às outras nas respostas neurais, enquanto solitários eram notavelmente diferentes entre si e em relação aos não-solitários. Intervenções direcionadas a uma melhoria das conexões sociais, então, podem beneficiar indivíduos que sentem solidão.

São apontados, no entanto, alguns limites para o estudo — ele estudou apenas algumas dezenas de alunos de uma única universidade, limitando a possibilidade de generalização. Além disso, a solidão foi estudada em apenas um momento da vida dos participantes, o que não nos deixa saber se as mudanças nas CIS ao longo do tempo são de fato relacionadas à solidão.

A pesquisa também nos dá uma base neuronal para a solidão, mas não permite descobrir se essas diferenças cerebrais são causa ou consequência do sentimento solitário.

Fonte: Psychological Science via PsyPost