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Pessoas assintomáticas disseminam COVID-19 em hospitais, alerta estudo

Por| 08 de Novembro de 2020 às 12h30

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

Em plena pandemia da COVID-19, entrar em um hospital parece uma situação, no mínimo arriscada, pelos riscos que uma pessoa saudável corre em se infectar pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). No entanto, a realidade pode ser diferente e até mesmo inversa, dependendo das circunstâncias. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pessoas assintomáticas podem transmitir o coronavírus para pacientes já debilitados em hospitais e esse risco é bastante subestimado.

Em artigo publicado no periódico The International Journal of Infectious Diseases, pesquisadores brasileiros avaliaram os reais riscos de pacientes assintomáticos da COVID-19 e, aparentemente, saudáveis transmitirem o coronavírus dentro de hospitais, sem saber. Além disso, uma das conclusões do estudo é que as medidas de proteção atualmente adotadas podem ser inadequadas, na prática diária.

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Casos assintomáticos da COVID-19 

No dia 29 de agosto, os pesquisadores testaram todos os visitantes do Hospital São Paulo (HU/Unifesp) e verificaram que 4% dessas pessoas (6 em​​ 150) tinham a COVID-19 de forma assintomática. Além do exame, todos foram avaliados quanto aos sintomas da infecção, incluindo febre [≥37,8 ° C], tosse, anosmia, disgeusia, dispneia, mialgia, cefaleia e secreção nasal. De acordo com a equipe responsável pela pesquisa, os visitantes estavam assintomáticos ao darem entrada no hospital.

Dos seis assintomáticos identificados através do teste de RT-PCR, um já tinha testado positivo 20 dias antes, mas não apresentava mais nenhum sintoma no momento da visita e se considerava saudável. Outro visitante, com resultado positivo, desenvolveu sintomas no dia seguinte à visita, e os outros quatro não apresentaram sintomas durante a avaliação final 14 dias após o teste.

O número de pessoas assintomáticas pode parecer pouco, mas é significativo considerando a condição debilitada de muitos pacientes hospitalizados. Segundo a médica Nancy Bellei, infectologista da Unifesp e coordenadora do estudo, somente o uso de máscaras em ambientes de saúde pode gerar uma falsa confiança na redução dos riscos de transmissão.

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"O estudo sugere que, em momentos mais intensos da pandemia, o número de visitas deve ser mais controlado", aponta a infectologista. Por outro lado, a especialista acrescenta que "no futuro, quando novos testes rápidos estiverem disponíveis, talvez, seja possível testar os visitantes diariamente".

Resultado das visitas assintomáticas 

Dois dos seis pacientes visitados por uma pessoa com COVID-19, de forma assintomática, posteriormente tiveram resultados positivos para a infecção. Vale ressaltar que no hospital, em questão, é liberado que pacientes recebam, no dia, apenas uma visita, ou seja, um único contato externo. No entanto, não é possível definir se a contaminação foi exatamente através do contato entre visitantes e hospitalizados. Isso porque essas pessoas são orientadas a usar máscaras e respeitar as medidas de proteção. De qualquer forma, as visitas podem ser, potencialmente, contaminantes.

Por causa disso, os pesquisadores sugerem que os estabelecimentos de saúde podem precisar considerar as taxas de infecção local e triagem ativa de visitantes, além da triagem de sintomas, para proteger os pacientes da transmissão dentro do hospital. "Em resumo, a vigilância de visitantes assintomáticos com uma implementação rigorosa de medidas de proteção, durante os períodos de visitação, pode precisar ser incluída nas práticas de controle de infecção de modo a reduzir as transmissões em ambientes de saúde", completam os pesquisadores.

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Para ler o estudo completo, publicado no The International Journal of Infectious Diseases, clique aqui.