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Pesquisadores do Ceará querem doar pele de tilápia para tratar vítimas no Líbano

Por| 06 de Agosto de 2020 às 21h30

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Reprodução: Viktor Braga/UFC
Reprodução: Viktor Braga/UFC

Na última terça-feira (4), uma terrível explosão aconteceu em Beirute, capital do Líbano, após incêndio em um armazém que contava com 2.750 toneladas de nitrato de amônio. O acidente provocou a morte de mais de 100 pessoas, deixando 4 mil feridos.

Entre as pessoas que foram impactadas com a explosão, grande parte está apresentando graves queimaduras no corpo, e o Brasil está disposto a ajudar. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), que participam do Projeto Pele de Tilápia, buscam o apoio de autoridades para o envio de um estoque de 40 mil cm² de pele de tilápia, usado para amenizar as queimaduras.

A UFC já apresentou o uso da pele do peixe em queimaduras de 2° e 3°, além de outras lesões, pois a tilápia funciona na cicatrização como um curativo biológico. Em estudos, que foram aplicados em 350 pacientes, os cientistas chegaram à conclusão que a pele da tilápia não só ajuda na regeneração, como ameniza a dor e facilita a redução da troca de curativos e outros custos operacionais.

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"Sem dúvida se trata de uma ação humanitária da UFC. É a Universidade fazendo valer seus estudos para colocar à disposição da sociedade, transformando a pesquisa que é feita dentro da Universidade em bem social", conta o professor Odorico de Moraes, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da universidade.

Felipe Rocha, biólogo e pesquisador do projeto, conta que a doação do material não é tão simples, pois exige uma colaboração das autoridades do Brasil e do Líbano. "Como é um material de pesquisa, os ministérios da Saúde dos dois países precisam se contactar e autorizar o envio e o uso. Mas a pesquisa já está bem avançada e os resultados de efetividade de efeito já são comprovados e publicados em artigos nacionais e internacionais", contou o profissional ao G1.

O que pode atrasar o envio da pele de tilápia ao país é o fato de o produto ainda não contar com a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Viligância Sanitária). Carlos Roberto Paier, um dos pesquisadores do projeto, conta que é preciso que uma empresa esteja interessada em fazer a transferência da tecnologia. "Se a empresa adquirir essa tecnologia e passar a produzir a pele da tilápia industrialmente, o produto poderá ser comercializado e passará a ser fiscalizado pela Anvisa", conta.

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A técnica do uso da pele de tilápia foi aplicada, até mesmo, para o tratamento de ursos na Califórnia, e vem sendo usada ainda para cirurgias de reconstrução vaginal. O primeiro banco de pele do peixe foi criado em 2017 pelos pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, com a técnica sendo popularizada até mesmo como temas de séries de televisão dos Estados Unidos, como Grey's Anatomy e The Good Doctor.

 

 

 

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Fonte: G1