Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Perda do olfato por covid-19 pode elevar risco de demência na velhice

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Agosto de 2022 às 11h30

Link copiado!

microgen/envato
microgen/envato

Uma revisão bibliográfica de diversos estudos envolvendo os efeitos do SARS-CoV-2 no sistema olfativo aponta que a perda da habilidade de sentir cheiros associada à covid-19 pode ser um fator de risco para a demência. A publicação foi feita na última quarta-feira (27) na revista científica Journal of Neurophysiology.

A perda do olfato, ou anosmia, é um dos sintomas clássicos associados à primeira onda de covid-19, ainda em 2020: 77% a 85% dos infectados reportaram perdas ou alterações na habilidade de sentir cheiros (parosmia). Embora a maioria acabe se recuperando rapidamente dessa disfunção, estima-se que 15 milhões de pessoas acabem com uma versão crônica ou longa da condição.

Continua após a publicidade

Ligação entre olfato e cérebro

Estudos já mostraram que o epitélio olfativo sensorial, que fica na parte superior do nariz, onde o nervo entra no bulbo olfativo do cérebro, armazena uma carga viral alta em infectados pelo novo coronavírus. O bulbo olfativo é a estrutura que lida com o sentido do olfato, enviando informações sensoriais a outras áreas do cérebro envolvidas com a aprendizagem, memória e emoções.

Devido à proximidade desses sistemas no cérebro, infecções pelo SARS-CoV-2 que atingem o bulbo olfativo podem afetar funções cognitivas mesmo após a recuperação pela infecção: correlações entre problemas no olfato e demência já foram identificadas em pessoas com condições neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Estudos em animais também mostraram danos no bulbo resultando em estados de ansiedade e depressão.

Continua após a publicidade

Outras pandemias, inclusive, também dão suporte à teoria de que a invasão viral do sistema nervoso central podem resultar em neurodegeneração e subsequentes déficits neurológicos: os surtos de influenza — ou gripe espanhola — de 1918 deram origem a uma onda de pessoas desenvolvendo o mal de Parkinson, e dados dinamarqueses mostram que pessoas que tiveram a doença tem chances 70% maiores de ter Parkinson 10 anos depois.

A revisão bibliográfica atual traz evidências de que a inflamação causada no sistema olfativo e danos em seu bulbo pela covid-19 (e a resposta imune que se segue) também podem causar degenerações nas estruturas cerebrais relacionadas, assim como problemas cognitivos. Mais pesquisas são necessárias para entender a extensão desse problema, mas graças à tecnologia atual, os cientistas enxergam a possibilidade de criar opções terapêuticas a partir dos achados com otimismo.

Fonte: Journal of Neurophysiology