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Obcecado com idade, milionário recebe sangue do filho para rejuvenescer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Maio de 2023 às 17h22

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Abraham_stokero/Envato
Abraham_stokero/Envato

Qual é o limite na busca da fonte de juventude? Para o empresário Bryan Johnson, de 45 anos, a questão é bastante flexível. Afinal, o norte-americano está recebendo transfusões de sangue do seu próprio filho, Talmage, para retardar o declínio cognitivo. É quase um homem-vampiro, buscando os benefícios do plasma sanguíneo de um adolescente de 17 anos.

Tornando a história mais surpreendente, o plasma de Talmage também é doado para o seu avô, Richard, de 70 anos. Segundo a Bloomberg, todas as transfusões de sangue, pouco convencionais, ocorrem em uma clínica privada em Dallas, nos Estados Unidos. Aparentemente, tudo é consentido.

Embora o hábito vampiresco soe excêntrico, o milionário Bryan, conhecido pela fundação das empresas OS Fund e Kernel, já foi alvo de outras polêmicas. No começo deste ano, ele anunciou que pretendia gastar cerca de 2 milhões de dólares (quase 10 milhões de reais) por ano. O objetivo do intitulado projeto Blueprint é reverter a sua idade biológica, voltando aos 18 anos, através de técnicas de biohacking.

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Como funcionam as transfusões de sangue para manter a juventude?

Para entender como funcionam as transfusões de sangue entre os membros da família Johnson, é preciso destacar que apenas o plasma de Talmage é doado. Igual a todo plasma, este não carrega as células sanguíneas, como os glóbulos brancos ou vermelhos, mas é rico em proteínas, incluindo anticorpos. Com o avanço da idade e o envelhecimento natural, as concentrações dessas proteínas tendem a variar.

Antes de receber o plasma da doação, Bryan e Richard passam por uma coleta de sangue, onde é removida uma quantia equivalente de sangue daquela que será, em seguida, recebida. Na equação familiar, apenas o mais novo não recebe novas proteínas através do plasma.

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Vale pontuar que, antes do atual modelo de transfusão, Bryan já recebeu doações de jovens doadores anônimos, mas com excelentes indicadores de saúde. Diferente do Brasil, nos EUA, as doações de sangue podem ser remuneradas, o que facilita esse tipo de atividade.

Existem evidências científicas sobre receber sangue para rejuvenescer?

Embora a ideia de “absorver” o sangue dos mais jovens seja realmente bizarro, a prática de doação de plasma é reconhecida por seus fins médicos. Inclusive, uma doação convencional consiste na retirada do plasma. A partir desse plasma, são obtidos alguns hemoderivados, como a albumina e a imunoglobulina, usadas por alguns pacientes.

Agora, o uso do plasma para reverter o declínio cognitivo e, consequentemente, impedir quadros de demência (Alzheimer e Parkinson) está longe de ser cientificamente comprovado. No momento, o que existe são estudos pré-clínicos, ou seja, aqueles feitos em modelos animais.

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“Não aprendemos o suficiente para sugerir que este é um tratamento humano viável para qualquer coisa”, pontua Charles Brenner, bioquímico do City of Hope Medical Center, nos EUA. “Para mim, é nojento, sem evidências [científicas] e relativamente perigoso”, acrescenta o especialista.

Experimentos com transfusões de sangue em roedores

Entre os estudos desenvolvidos em roedores, está a pesquisa liderada por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS). No experimento, a equipe conectou — leia-se costurou — roedores jovens e idosos para que compartilhassem os sistemas circulatórios, através da técnica de parabiose heterocrônica. Segundo os autores, a exposição ao sangue juvenil consegue rejuvenescer alguns tecidos no espécime idoso.

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Outro estudo semelhante foi desenvolvido por cientistas da Universidade da Califórnia. Menos drástico, os testes envolveram simples transfusões sanguíneas entre roedores. Segundo os responsáveis, o sangue de um camundongo velho acelera o envelhecimento no indivíduo mais jovem. Em tese, o inverso também deve ocorrer. Apesar das evidências preliminares, pouco se sabe sobre o efeito em humanos, como faz Bryan.

Fonte: Bloomberg