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O caso do garoto que ficou 11 dias sem dormir (e como a história terminou)

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Claudia Mañas/Unsplash
Claudia Mañas/Unsplash

Você deve saber que uma boa noite de sono é essencial para te manter bem no dia seguinte, não é mesmo? No entanto, você sabe os principais riscos provenientes da privação do sono? A ciência vem esclarecendo, com o passar dos anos, o que acontece com quem sofre de insônia, precisa trocar a noite pelo dia para trabalhar ou vem atravessando uma fase turbulenta na vida que traz impactos diretos no sono. Mas, décadas atrás, o que se sabia sobre isso era muito pouco diante das informações baseadas em estudos que temos hoje.

Em 1963, dois adolescentes norte-americanos chamados Randy Gardner e Bruce McAllister decidiram descobrir, por conta própria, os efeitos da privação de sono no desempenho cognitivo e físico. A ideia seria suportar um estado de insônia nunca antes sofrido por nenhum ser humano conhecido na história e levar os resultados para um trabalho escolar. A experiência poderia ter ficado na obscuridade, se o jornal local da cidade dos garotos não tivesse publicado uma cobertura sobre o processo. Foi o que chamou a atenção do pesquisador de Stanford William Dement: "Eu era, provavelmente, a única pessoa no mundo que já tinha feito pesquisas na área do sono", contou ele à BBC.

Segundo ele, os pais de Randy — que se sujeitou a ficar sem dormir enquanto conseguisse — estavam bastante preocupados, já que não faziam ideia dos males que a privação de sono causariam ao jovem. Aliás, eles tinham medo do garoto colocar em risco sua própria vida, e pediram ao pesquisador para supervisoná-lo, ao lado do Tenente Comandante John Ross, do Centro de Pesquisa Neuropsiquiátrica da Marinha de San Diego.

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O experimento

Os estágios iniciais do experimento até que foram bem para Randy, que tinha apenas 16 anos na época do estudo. Mas no segundo dia, ele já teve dificuldade em identificar objetos pelo toque. No terceiro dia, ficou mal-humorado. Os lapsos de memória e suas primeiras alucinações e episódios delirantes começam no quarto dia. As alucinações continuaram no dia seguinte, com o menino vendo um caminho na floresta à sua frente, ao invés dos cômodos de sua casa.

Nos dias seguintes, sua fala ficou mais lenta e arrastada, enquanto sua memória só piorava. Ele começava as frases, então parava no meio do caminho, ou se esquecia para onde estava indo, sendo interrompido por um pensamento totalmente novo. Além disso, como outros que sofreram de insônia, o adolescente teve crises de paranoia.

No último dia de seu experimento (11º dia), Randy estava inexpressivo e precisava de estímulos constantes para responder a quaisquer perguntas. Os testes de suas habilidades mentais cessaram muito rapidamente, pois ele eventualmente esqueceria o que estava fazendo. Após o tempo que ficou acordado, o garoto foi monitorado por várias noites, o que envolveu muito sono REM (uma fase de sono que se caracteriza por movimentos oculares rápidos, sonhos vívidos, movimentos musculares involuntários).

O experimento concluiu que, durante a privação de sono, áreas de seu cérebro estavam "cochilando" o tempo todo. O mesmo efeito foi visto mais tarde em experimentos com ratos, onde subconjuntos de neurônios do córtex foram desligados  enquanto os ratos privados de sono continuavam com seus negócios, acordados.

Fonte: BBCIFL Science