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Novos casos da COVID na Europa podem ter relação com mutação do coronavírus

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

Na pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), alguns países europeus começam a enfrentar uma segunda onda de casos da COVID-19. Entre as possíveis explicações para a situação, pode estar uma nova variante deste agente infeccioso. Segundo análises sobre mutações do coronavírus, a variante teria surgido na Espanha, ainda em junho, e hoje se espalha por todo o continente.

Em pesquisa sobre os casos de coronavírus, uma equipe internacional de cientistas, com membros da Suíça e da Espanha, revelou essa nova variante. A nova cepa foi identificada, oficialmente, pelo nome de 20A.EU1, em um artigo ainda não revisado por pares e publicado na plataforma online medRxiv.

"Esta variante, 20A.EU1, e uma segunda variante 20A.EU2, respondem pela maioria das sequências recentes na Europa", afirmam os cientistas no artigo. Vale lembrar que cada variante de um vírus tem uma assinatura genética própria e, por isso, ela pode ser rastreada até o seu local de origem.

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Onde está a nova cepa do coronavírus?

Mais especificamente, os cientistas rastrearam o aparecimento dessa cepa do coronavírus entre trabalhadores no nordeste da Espanha e ela teria se espalhado, de forma rápida, por grande parte da Europa desde o verão. Atualmente, é responsável pela maioria dos novos casos de COVID-19 em vários países do continente europeu, segundo o artigo.

O estudo ainda sugere que pessoas que voltaram de férias na Espanha tiveram um papel fundamental na disseminação dessa variante pela Europa. Inclusive, essa é uma possibilidade que levanta uma série de questões sobre se a segunda onda. Se medidas mais rigorosas de triagem em aeroportos e outros centros de transporte, fossem adotadas, dificilmente, o continente estaria enfrentando a nova situação.

Pesquisa sobre nova variante do coronavírus

"A partir da disseminação da 20A.EU1, parece claro que as medidas [de prevenção contra o coronavírus] em vigor muitas vezes não eram suficientes para interromper a transmissão das variantes introduzidas neste verão", defende Emma Hodcroft, geneticista da Universidade de Basileia (Suíça) e líder do estudo, para o Financial Times.

Agora, as equipes de cientistas investigam se o comportamento dessa nova cepa do coronavírus pode ser mais letal ou ainda mais infecciosa do que outras. Para isso, verificam se essa variante carrega alguma mutação específica na proteína spike, encontrada na membrana do vírus e usada para invasão das células humanas saudáveis.

De forma simplificada, as mutações são pequenas — e, às vezes, significativas — alterações do código genético do vírus. Por exemplo, pesquisadores já identificaram uma outra mutação no coronavírus, chamada D614G, a qual cientistas acreditam tornar o vírus mais infeccioso. Vale lembrar que esse processo é natural e acontece através da replicação viral, ou seja, sua reprodução.

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De acordo com Hodcroft, não há “nenhuma evidência de que a propagação [rápida] da variante se deva a uma mutação que aumente a transmissão ou impacte o resultado clínico”. No entanto, a pesquisadora comenta: "Não vi nenhuma variante com esse tipo de dinâmica desde que comecei a observar sequências genômicas de coronavírus na Europa".

"Precisamos de mais estudos para encontrar mutações que atingiram alta frequência na população e, em seguida, fazer a engenharia reversa para ver se elas tornam o vírus mais transmissível", explica Joseph Fauver, epidemiologista genético da Universidade de Yale que não esteve envolvido nesta pesquisa.

Para acessar o preprint sobre a nova variante do coronavírus, publicado no medRxiv, clique aqui.

Fonte: Business Insider e Extra