Imunidade à COVID-19 dura pelo menos cinco meses, segundo estudo
Por Nathan Vieira | 29 de Outubro de 2020 às 16h40
A COVID-19 ainda é repleta de mistérios a serem desvendados pela medicina. Na última quarta-feira (28), um estudo publicado na revista Science se concentrou em entender sobre a imunidade à doença em questão, e chegou à conclusão de que a imunidade à infecção por COVID-19 dura pelo menos cinco meses.
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Segundo o relatório, 90% das pessoas que se recuperam de infecções por COVID-19 mantêm uma resposta geral estável de anticorpos. Florian Krammer, professor de vacinologia da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, que liderou a equipe do estudo, alegou durante um comunicado: "Embora alguns relatórios tenham saído dizendo que os anticorpos para este vírus desaparecem rapidamente, descobrimos exatamente o oposto — que mais de 90% das pessoas que estavam leve ou moderadamente doentes produzem uma resposta de anticorpos forte o suficiente para neutralizar o vírus, e a resposta é mantida por muitos meses. Isso é essencial para o desenvolvimento de uma vacina eficaz."
A equipe analisou as respostas de anticorpos de mais de 30 mil pessoas com teste positivo para COVID-19 entre março e outubro e caracterizou suas respostas de anticorpos como baixas, moderadas ou altas. Mais de 90% tinham níveis moderados a altos. Com isso em mente, a equipe estudou de perto 121 pacientes que se recuperaram e doaram seu plasma três meses após desenvolverem os primeiros sintomas, e novamente cinco meses depois. Eles viram uma queda em alguns anticorpos, mas relataram que outros persistiram.
"Os níveis sustentados de anticorpos que observamos subsequentemente são provavelmente produzidos por células plasmáticas de longa vida na medula óssea. Isso é semelhante ao que vemos em outros vírus e provavelmente significa que eles vieram para ficar. Continuaremos acompanhando este grupo para ver se esses níveis permanecem estáveis, como suspeitamos e esperamos que permaneçam", diz a Dra. Ania Wajnberg, diretora da Clínica Teste de anticorpos no Hospital Mount Sinai.
A COVID-19 existe há pouco menos de um ano, então os cientistas ainda estão aprendendo sobre a doença. As histórias de pessoas que foram infectadas mais de uma vez são raras, mas já existem. O próximo passo importante, segundo os autores do estudo, será estabelecer o que é conhecido como correlatos de proteção. Estes são compostos que podem ser medidos no sangue que dirão aos médicos se alguém está imune - de modo que não será necessário esperar para ver se eles ficam infectados novamente após uma sessão ou após tomar a vacina. "Embora isso não possa fornecer evidências conclusivas de que essas respostas de anticorpos protegem contra reinfecção, acreditamos que é muito provável que diminuam a razão de chances de reinfecção", conclui a equipe.