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Pandemias | Uma vacina universal poderia imunizar contra todos os coronavírus?

Por| 27 de Outubro de 2020 às 21h20

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Cottonbro/Pexels
Cottonbro/Pexels

Desde o começo do ano, coronavírus se tornou praticamente um sinônimo para a COVID-19, mas a realidade não é exatamente essa. Apenas o coronavírus SARS-CoV-2 é responsável pela atual pandemia, enquanto isso, outros vírus desse mesmo tipo convivem há séculos com humanos. Na verdade, os coronavírus representam uma família viral bastante conhecida entre pesquisadores e, agora, cientistas planejam criar uma única vacina eficaz contra todos eles.

Através de modelagem computacional, genética, biologia molecular e dados médicos, uma equipe de cientistas investigam pontos em comum entre os diferentes coronavírus já conhecidos pela humanidade para o desenvolvimento de uma vacina universal, capaz de imunizar contra essa família de agentes infecciosos. Em artigo publicado na revista Science, quase 200 cientistas de diferentes países e áreas de atuação se perguntaram se essa tarefa era possível.

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Uma potencial vacina contra todos os tipos de coronavírus poderia poupar centenas de milhares de vidas, mas nem os próprios cientistas têm certeza de sua viabilidade. Até o momento, o grupo pensa ter encontrado uma série de fatores comuns, especificamente proteínas usadas para a invasão de células humanas, nos três coronavírus mais mortais da história recente. Este é o primeiro passo para uma potencial vacina.

Coronavírus e os riscos para a humanidade

Nas últimas duas décadas, três síndromes respiratórias mortais associadas a infecções por coronavírus (CoV) foram descobertas pela humanidade. A primeira foi a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) ainda em 2002. Passados dez anos, cientistas identificaram a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), em 2012. Mais recentemente, o mundo enfrenta a pandemia da Doença por Coronavírus 2019, a conhecida COVID-19.

Essas doenças são causadas pelos coronavírus SARS-CoV-1, MERS-CoV e SARS-CoV-2, respectivamente. Só que antes da descoberta desses três últimos coronavírus, essa família viral estava associada a doenças respiratórias consideradas leves. Em humanos, muitos coronavírus causam apenas um resfriado ou tosse, sem complicações. Assim, não eram considerados como um grande problema de saúde pública como agora.

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Os problemas surgem quando um vírus que tinha como um hospedeiro natural um animal sofre mutações ao ponto de conseguir infectar o organismo humano. É o caso de cepas de um coronavírus que afetavam, originariamente, os camelos como aconteceu na MERS. Além das mutações, através do consumo ou de outros meios, esse agente infeccioso conseguiu contaminar pessoas, onde se tornou um vírus mortal e pode, potencialmente, se espalhar entre os próprios humanos, como a COVID-19. 

Semelhanças entre os coronavírus

Se há alguma vantagem nesse grupo viral, é que os coronavírus são geneticamente semelhantes. Em outras palavras, a maioria dessas infecções se dão através de algumas proteínas na membrana do vírus que se "conectam" a essas células humanas, iniciando uma infecção. Nesse ponto, está a chave para o desenvolvimento de uma potencial vacina universal. Segundo o grupo de pesquisadores, é possível identificar proteínas em comuns entre os três tipos potencialmente mortais do coronavírus. Caso uma vacina consiga desativar, essas ou essa proteína, o coronavírus não seria mais capaz de infectar humanos.   

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Com base nos primeiros trabalhos sobre o genoma do SARS-CoV-2 e sua interação com 300 proteínas humanas que permitiam a infecção das células saudáveis, os pesquisadores expandiram a análise computacional para o SARS-CoV-1 e MERS-CoV em busca de semelhanças. Mesmo que essas proteínas interajam de maneiras diferentes, o grupo registrou 73 proteínas necessárias (e em comum) para que os coronavírus se replicassem.

Próximos passos da vacina universal

As potenciais proteínas identificadas são compartilhados entre todos os coronavírus atualmente conhecidos que passaram dos animais para os humanos, ou seja, os vírus da SARS, MERS e COVID-19. Entretanto, isso não significa que possam surgir outros coronavírus sem essa mesma vulnerabilidade. Em outras palavras, é mais provável que os cientistas encontrem uma resposta eficaz apenas para aqueles vírus já conhecidos. Outro ponto é que esse imunizante só teria efeito no caso desses agentes infecciosos não sofrerem mutações de forma significativa, alterando suas estruturas.   

Todos esses desafios, por outro lado, não significam que esse projeto é desimportante. Muito pelo contrário, o grupo está desenvolvendo uma fórmula comum para imunizar a humanidade contra os coronavírus já conhecidos. As atuais investigações devem colaborar com o controle da COVID-19, como em remédios mais inteligentes, e podem contribuir, de alguma forma, contra a próxima pandemia que a humanidade um dia enfrentará. 

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Para acessar o artigo, publicado na Science, clique aqui.

Fonte: Singularity Hub