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Nova variante: bebê com carga viral elevadíssima de coronavírus acende alerta

Por| 25 de Fevereiro de 2021 às 20h40

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Carlo Navarro/Unsplash
Carlo Navarro/Unsplash

Desde o aparecimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2), as crianças, de forma geral, têm mostrado uma maior resistência a este agente infecioso. Em números, os Estados Unidos diagnosticaram mais de 28,5 milhões de contaminados, sendo que foram confirmados pouco mais de três milhões de casos da doença em crianças. No entanto, um caso específico chama a atenção de médicos e pesquisadores no país: um bebê que foi internado com uma carga viral 51 mil vezes mais alta do que a taxa comum e com uma nova variante do vírus da COVID-19.

Desde o aparecimento do coronavírus, o Children's National Hospital (CNH), em Washington D.C., tratou mais de dois mil jovens e crianças contaminadas pelo agente infecioso, sendo que a maioria não apresenta sintomas e nem precisa ser hospitalizada. A exceção foi o bebê que deu entrada, em setembro no ano passado, com estado febril. Segundo as análises da condição de saúde do bebê, a sua carga viral era 51.418 vezes maior do que carga média de outros pacientes pediátricos.

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Diante do caso excepcional, a equipe do CNH sequenciou uma amostra contendo o coronavírus responsável pela infecção no bebê. Assim, descobriram uma nova variante, conforme publicaram em um preprint — estudo que aguarda a revisão por pares — na plataforma MedRxiv.

"A análise de um isolado viral de um paciente neonatal com uma alta carga de RNA viral resultou na identificação de uma nova variante da proteína spike [presente na membrana do coronavírus e responsável pela infecção das células saudáveis] e que representa a primeira amostra conhecida de uma linhagem emergente de SARS-CoV-2", afirmam os pesquisadores do CNH, no estudo. A mutação inédita da variante é a N679S e que, agora, está sendo investigada em detalhes.

Nova variante é mais perigosa?

Não se deve tirar conclusões precipitadas sobre o caso do bebê com a elevada carga viral e uma suposta relação deste quadro com a nova variante, explica Roberta DeBiasi, chefe do departamento de doenças infecciosas do CNH, para o jornal Washington Post. “Pode ser uma coincidência completa”, pondera DeBiasi. “Mas a associação é muito forte. Se você vir um paciente que tem exponencialmente mais vírus e é uma variante completamente diferente, provavelmente está relacionado”, especula.

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Segundo Jeremy Luban, virologista da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, a carga viral do bebê “em si é chocante e digna de nota”. No entanto, Luban pensa que a lata carga viral "poderia ser devido à mutação N679S ou simplesmente porque é um [recém-nascido] com um sistema imunológico imaturo, permitindo que o vírus se replique fora de controle".

Crianças e o coronavírus

A partir do estudo sobre os casos de coronavírus em crianças no hospital, DeBiasi explica que “não há evidências de que essa nova variante tenha algo relacionado com infecções mais graves em bebês”. No entanto, a médica e pesquisadora explica que, em alguns determinados casos, mutações podem representar um aumento de casos em grupos, até então, pouco atingidos pela infecção. Isso porque, hoje, os pesquisadores ainda não formaram um consenso sobre o porquê das crianças serem, em sua maioria, assintomáticas.

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Além da cepa com a mutação N679S, não há evidências de que as outras variantes identificadas, como a do Reino Unido, da África do Sul ou do Brasil, sejam mais perigosas para as crianças. Por outro lado, as autoridades do Reino Unido já afirmaram que estão monitorando um aumento incomum de infecções, especialmente entre crianças entre seis e nove anos, que é desproporcional à sua parcela na população.

Independente dessas questões sobre a maior gravidade ou não das infecções pelo coronavírus, é consenso de que a descoberta de novas variantes apontam para a importância do acompanhamento de mutações genômicas, através do sequenciamento. "Variação nas doenças infecciosas emergentes são esperadas, mas essa descoberta [do bebê] ressalta a necessidade de monitoramento do genoma viral completo, em larga escala, para garantir que as respostas possam ser rapidamente adaptadas em face da evolução viral. Sem isso, as variantes continuarão a circular sem serem detectadas, dificultando a resposta global ao SARS-CoV-2", completam os pesquisadores.

Para acessar o preprint completo, publicado pelos pesquisadores do Children's National Hospital, clique aqui.

Fonte: Washington Post