Neurônios específicos acendem no seu cérebro quando você ouve alguém cantar
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Já sabemos que a arte pode “esculpir” e até “acariciar” o cérebro humano, mas um estudo publicado na revista científica Current Biology apontou que neurônios específicos do córtex auditivo se acendem quando ouvimos alguém cantar. Segundo o artigo, conduzido por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), esses neurônios podem distinguir entre fala comum ou instrumentais sem vocais.
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Todo o projeto de pesquisa teve início em 2015, quando os pesquisadores investigaram a relação entre a música e o cérebro humano usando ressonância magnética. Na ocasião, descobriram que quando uma pessoa compõe, os neurônios de áreas visuais e motoras são usados para melhorar a conectividade entre duas áreas-chave do cérebro: o córtex cingulado anterior (associado à emoção), e a rede de modo padrão (que remete a memórias, ou imaginações do futuro).
O novo estudo leva a pesquisa um passo adiante: os pesquisadores registraram a atividade cerebral que ocorre em resposta a estimulantes externos. "Há uma população de neurônios que responde ao canto e, muito próxima, há outra que responde ao instrumental. Elas estão tão próximas que é quase impossível separá-las", aponta o estudo.
Ao combinar esses dados com os do estudo anterior, os pesquisadores conseguiram identificar com mais precisão as localizações desses neurônios que acendem em resposta ao canto. No entanto, o método destaca a dificuldade de se fazer uma pesquisa como essa, uma vez que o procedimento é invasivo, com direito a inserção de eletrodos diretamente na superfície exposta do cérebro por meio de uma incisão no crânio. Normalmente, a técnica é usada para determinar a origem das convulsões de um paciente.
Agora que já se tem uma noção da relação entre o canto e esses neurônios, os neurocientistas pretendem aprender mais sobre a causa dessa ativação. Outro ponto que deve ser foco de futuras pesquisas é o desenvolvimento dessas áreas específicas.
Fonte: Current Biology