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Não é vacina: laboratório testa novo imunizante contra COVID-19

Por| 04 de Agosto de 2020 às 20h30

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HeungSoon/Pixabay
HeungSoon/Pixabay

Para a pandemia do novo coronavírus (SASR-CoV-2), muitas instituições e países têm apontado que uma vacina contra a COVID-19 seria uma das principais saídas para a crise. Entretanto, não é certeza que esses imunizantes, em desenvolvimento, sejam eficazes, apontou a OMS nesta semana. Como uma resposta alternativa (e mais silenciosa), a farmacêutica norte-americana Eli Lilly & Co testa, já em humanos, um tratamento experimental com anticorpos que imuniza contra a infecção.

Em terceira fase de testes (a última antes do processo de liberação), o medicamento, chamado de LY-CoV555, vem sendo desenvolvido em parceria com a empresa de biotecnologia canadense AbCellera e deve ser testado em cerca de 2,4 mil participantes que tiveram contato com casos diagnosticados da COVID-19.  Até o último trimestre do ano, espera-se que os testes tenham sido concluídos.

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Inclusive, tratamentos com anticorpos como esse podem chegar ao mercado antes de uma vacina. Segundo o Instituto Americano de Biodefesa (ABI, sigla em inglês), o procedimento deve ser "a próxima geração de resposta à pandemia", principalmente, para a proteção dos profissionais da saúde e os mais vulneráveis. Mesmo que a imunidade proporcionada não seja duradoura.

Para entender, as vacinas, na maioria dos casos, expõem o organismo a uma parte do patógeno, o que desencadeia um tipo de imunidade ativa. Isso porque é o corpo que aprende a produzir os próprios anticorpos contra o agente infeccioso. Por outro lado, a adição de anticorpos dá forma a imunidade "passiva", que dura apenas enquanto os anticorpos estiverem presentes (não ficam registrados na memória). Esse tempo de imunização, a partir de anticorpos, pode variar de algumas semanas até mesmo meses.

Casas de repouso

Para realizar o estudo de fase 3, os pesquisadores devem acompanhar cerca de 2,4 mil pessoas, incluindo casas de repousos dos Estados Unidos, onde foram notificados surtos recentes do novo coronavírus. Isso porque, em algumas áreas, os idosos residentes em asilos estão entre as vítimas fatais da COVID-19 no país.

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“A COVID-19 tem um impacto devastador em moradores de casas de repouso”, explica o cientista-chefe da farmacêutica Eli Lilly, Daniel Skovronsky, em nota para a imprensa. “Estamos trabalhando o mais rápido que podemos para criar remédios que possam parar a disseminação do vírus nesses indivíduos vulneráveis”, completa sobre o medicamento que utiliza anticorpos em sua fórmula.

Como funciona?

No início da pandemia, pesquisadores investigavam o sangue de pacientes que se recuperaram da COVID-19 em busca de possíveis anticorpos contra o coronavírus. Entre eles, cientistas do Instituto Butantan, em São Paulo, trabalham no desenvolvimento de um composto com anticorpos desses sobreviventes, mas em etapa de pesquisa anterior.

A ideia é que cada agente infeccioso estimule a produção de um determinado anticorpo (uma proteína) no organismo da pessoa infectada e é esse anticorpo que a permite o paciente sobreviver ou não a essa doença. Como cada anticorpo só atua em um único antígeno, os pesquisadores precisam descobrir a proteína com capacidade de se ligar ao vírus com uma eficiência suficiente para neutralizá-lo.

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A partir de então, a molécula mais promissora descoberta para o combate ao novo coronavírus poderá ser produzida, em larga escala, para o tratamento da doença, como pretende fazer o laboratório norte-americano. No caso da Eli Lilly & Co, a fórmula é desenvolvida com uma proteína em forma de Y.

Da mesma maneira que os anticorpos naturais, esse anticorpo sintético deve se conectar ao vírus e bloqueá-lo. Anteriormente, tratamentos semelhantes de anticorpos se provaram eficazes no combate ao Ebola. A técnica com anticorpos também é usada em bebês para bloquear o VSR (vírus sincicial respiratório), um tipo de infecção respiratória que afeta recém-nascidos.

Fonte: Technology Review e Reuters