Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Moléculas associadas à malária são identificadas por brasileiros

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Junho de 2024 às 12h07

Link copiado!

CDC/James Gathany
CDC/James Gathany

Equipe de cientistas brasileiros descobriu uma série de moléculas no sangue associados aos episódios de recaída (ou recorrência) do parasita Plasmodium vivax, transmitido por mosquitos do gênero Anopheles. Esses quadros ocorrem meses após o fim do tratamento, já que nem sempre o patógeno é eliminado totalmente do organismo. Entretanto, o diagnóstico é bastante complexo.

As recaídas da malária ocorrem por causa da capacidade do protozoário em produzir formas dormentes no fígado do hospedeiro, sendo que elas podem permanecer inativas por meses. Essa é a raíz de um grande número de casos da doença no Brasil.

Publicado na revista Scientific Reports, o novo estudo brasileiro aponta possíveis caminhos para o diagnóstico dos casos de recaída da malária e de novos remédios antimaláricos, a partir da análise de determinados metabólitos no sangue. Em outras palavras, substâncias químicas e moléculas produzidas durante o processo de metabolismo.

Continua após a publicidade

Moléculas da malária no sangue

Os cientistas analisaram amostras de plasma sanguíneo de 51 pacientes com malária  recorrente e de 59 que estavam no primeiro episódio da doença. A ideia foi buscar alterações nos padrões dos metabólitos 

“No momento em que o paciente chega com o episódio inicial de malária, há uma superexpressão de metabólitos”, explica Jessica Alves, pesquisadora do Instituto de Biologia (IB) da Universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das autoras do trabalho, para a Agência Fapesp.

Entretanto, a situação muda completamente nos episódios de recorrência, “caracterizada pelo maior número de metabólitos diminuídos”, acrescenta a pesquisadora Alves. No total, foram detectados 52 e 37 metabólitos significativos nos participantes recorrentes e não recorrentes, respectivamente.

Por exemplo, no grupo que estava no primeiro episódio, a situação foi caracterizada por alterações no metabolismo do triptofano e da vitamina B6. Já nos pacientes com recaída foi observada uma modulação principalmente em vias lipídicas envolvidas na produção de prostaglandina e leucotrienos. Ambas são moléculas associadas à resposta imunológica.

“A principal contribuição do trabalho foi direcionar as análises em relação a quais vias metabólicas precisamos investigar mais profundamente para tentar entender e preencher lacunas que envolvem o estudo das recorrências [da malária]”, pontua Fabio Trindade Maranhão Costa, professor do IB-Unicamp e coautor do artigo.

Além dos pesquisadores da Unicamp, também contribuíram com o estudo sobre as moléculas que indicam a reincidência da doença membros da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Continua após a publicidade

Vale lembrar que há outra possível contribuição brasileira no combate da malária: uma vacina contra o protozoário em desenvolvimento pelos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Fonte: Scientific Reports, Agência Fapesp