Ministério da Saúde comprou menos doses de vacina contra COVID que o anunciado
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •

No combate ao coronavírus SARS-CoV-2, a maioria dos governos trabalha, diariamente, na aquisição de novas doses de vacinas contra a doença, inclusive o Brasil. No entanto, o Ministério da Saúde confirmou que divulgou um número superestimado de imunizantes já contratados para vacinar a população brasileira contra a COVID-19.
- Sem máscaras: rave acontece na Inglaterra para investigar transmissão da COVID
- Máscara de TNT é mais eficaz contra COVID-19 que máscara de algodão, segundo USP
- ECMO e intubação: como funcionam as tecnologias usadas na UTI da COVID-19?
Em propagandas e em declarações públicas, a Saúde chegou a anunciar a compra de mais de 560 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19. Só que, em resposta a um questionamento oficial feito pelo Congresso, o ministério afirmou que o número contratado é de apenas 280 milhões de doses. Isso porque, nos números divulgados como certos, constam doses que ainda dependem de contratação.
Entenda o número de vacinas já compradas pelo Brasil
Segundo apuração do Estadão Conteúdo, a Saúde já divulgou, via Twitter, um vídeo em que anunciava que "já foram comprados mais de 560 milhões de doses" de vacinas. Em outra ocasião, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que "o governo federal já tem contratados mais de 560 milhões de doses de vacina", depois de reunião do comitê de combate à COVID-19.
Por outro lado, a resposta oficial da pasta é outra, quando questionada pelo Congresso. Na declaração, a Saúde explicou que o número não procede e que 281.023.470 doses foram contratadas e que outras 281.889.400 estão "em fase de negociação". Esta resposta foi assinada por Lauricio Monteiro Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do ministério, no dia 12 de abril, e chegou ao Congresso na segunda-feira (3).
Quais contratos ainda estão abertos para aquisição de vacinas?
Na lista de vacinas anunciadas, ainda dependem da assinatura de contrato 30 milhões de doses da CoronaVac produzidas pelo Instituto Butantan, com a tecnologia da farmacêutica chinesa Sinovac. Além disso, existem mais 41,4 milhões de doses que podem ser fornecidas pelo consórcio internacional Covax Facility, liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A maioria, no entanto, das doses ainda não contratadas, oficialmente, é da Covishield (Oxford/AstraZeneca) com suporte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a pasta, são esperados 210 milhões de unidades até o final de 2021, mas não há contrato assinado que garanta toda essa produção. Segundo a Fiocruz, o contrato para a produção da matéria-prima ainda está em aberto.
Fonte: Exame