Microplásticos: você inala o equivalente a um cartão de crédito por semana
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Os microplásticos vêm se tornando uma grande preocupação entre a comunidade científica. Na última terça (13), um estudo publicado na revista Physics of Fluids alertou sobre a quantidade que o ser humano acaba inalando sem perceber. Segundo os pesquisadores, em apenas uma semana, a quantidade é tanta que equivale a um cartão de crédito.
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Encontrar microplásticos nas profundezas das vias aéreas humanas aumenta a preocupação com sérios riscos respiratórios à saúde. O estudo revelou que os maiores microplásticos testados tendem a ficar presos em nossas vias aéreas superiores, provavelmente na cavidade nasal ou na parte posterior da garganta.
“A forma anatômica complicada e altamente assimétrica das vias aéreas e o complexo comportamento do fluxo na cavidade nasal e na orofaringe fazem com que os microplásticos se desviem da linha de fluxo e se depositem nessas áreas”, aponta o estudo.
"A velocidade do fluxo, a inércia das partículas e a anatomia assimétrica influenciam a deposição geral e aumentam a concentração de deposição nas cavidades nasais e na área da orofaringe", completa o artigo.
A ideia dos pesquisadores é entender, através de próximos estudos, como essas partículas se movem em nossos pulmões. Embora os microplásticos claramente não sejam imediatamente tóxicos, os especialistas levantam preocupações sobre os efeitos a longo prazo desses poluentes, especialmente à medida que se acumulam dentro de nós.
Perigos dos microplásticos
Em 2021, uma pesquisa brasileira chegou a detectar a presença de microplásticos no pulmão humano. Na ocasião, os cientistas analisaram amostras de 20 tecidos pulmonares, obtidas através de autópsia. Do total de análises, 13 delas continham resíduos de microplásticos.
Em outro estudo, um grupo austríaco viu que esses minúsculos fragmentos de plástico podem chegar ao cérebro horas após a ingestão, onde aumentam o risco de inflamação. Os pesquisadores analisaram especificamente o risco de invasão do cérebro pelo poliestireno (PS). Este material está presente em copos descartáveis, alguns brinquedos, seringas, escovas de dente e outros diversos itens.
Em abril deste ano, análises permitiram identificar que microplásticos podem perturbar funcionamento de hormônios sexuais. Ao fazer testes em fêmeas de camundongos, cientistas notaram efeitos prejudiciais significativos do náilon. As fêmeas estavam no cio e ficaram sob exposição das poliamidas por 24 horas. Sua pressão subiu e a dilatação dos vasos sanguíneos foi impactada, mas, mais importante, as quantidades do hormônio 17 beta-estradiol diminuíram, mostrando uma redução na função endócrina.
O que são microplásticos?
Mas o que são microplásticos e de onde vêm? Existem duas categorias: primários e secundários. Os primários são partículas projetadas para uso comercial (cosméticos, microfibras de tecidos e redes de pesca).
Já os secundários resultam da quebra de itens plásticos maiores, como canudos e garrafas de água. Os produtos plásticos feitos para serem utilizados apenas uma vez são considerados a principal fonte de microplásticos secundários.
Fonte: Physics of Fluids, Science Alert, Nanomaterials