Líquido cefalorraquidiano esconde segredo para tratamento do Alzheimer
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Cientistas da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, apontam para um novo uso do líquido cefalorraquidiano (LCR) no diagnóstico e até no tratamento da doença de Alzheimer. Publicado na Nature Genetics, o estudo revelou segredos do quadro neurodegenerativo, como genes e proteínas que podem ser alvos de medicamentos e monitoramento.
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O líquido cefalorraquidiano, também conhecido como fluido cerebrospinal, desempenha funções vitais no sistema nervoso central. Além de proteger o cérebro e a medula espinhal contra impactos, ele distribui nutrientes, remove toxinas e reflete a atividade do sistema nervoso. Agora, foram descobertas as suas ligações com o Alzheimer.
Desafio de estudar o cérebro
O campo de pesquisa das doenças neurodegenerativas enfrenta uma série de desafios históricos, já que é altamente complexo estudar o cérebro dos pacientes em vida. A maioria dos dados vem de análises de cérebros após a morte, o que limita o entendimento dos estágios iniciais do Alzheimer, por exemplo.
Para contornar essa barreira, o novo estudo envolveu a análise de dados genéticos e amostras do líquido cefalorraquidiano de 3,5 mil pessoas, diagnosticadas ou não com Alzheimer.
Em seguida, o grupo comparou os resultados com dados já associados ao Alzheimer e determinou quais desses genes e proteínas têm as ligações estatísticas mais fortes com as vias biológicas que promovem o declínio da cognição.
Segredos revelados do Alzheimer
A pesquisa reduziu o conjunto de dados de 6,3 mil proteínas do LCR para apenas 38 que provavelmente estão envolvidas no Alzheimer. Aqui, a boa notícia é que 15 delas podem ser alvos de medicamentos já disponíveis — o uso ainda será avaliado, mas são novas possibilidades que se abrem.
Essa descoberta permitirá que outros grupos de pesquisa desenvolvam terapias que interrompam ou revertam a progressão do Alzheimer. Esta é uma meta bastante ambiciosa, mas que parece mais alcançável.
Além do tratamento, a análise do líquido cefalorraquidiano oferece um caminho promissor para rastrear a progressão da doença. A análise das proteínas presentes nesse fluido biológico pode permitir a detecção precoce do Alzheimer.
Com a probabilidade de que o número de casos de Alzheimer triplique até 2050 e o aumento da expectativa de vida global, são necessários mais estudos como este, repensando a forma de encarar a doença debilitante.
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