Demência pode ser detectada pelos olhos com até 12 anos de antecedência
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
As demências, como a doença de Alzheimer, dão sinais muito antes do quadro se estabelecer, mas identificar estas pistas é um grande desafio para a medicina. A partir de um teste de sensibilidade visual com análise dos olhos, pesquisadores da Universidade de Loughborough (Inglaterra) encontraram uma forma de rastrear a condição com até 12 anos de antecedência.
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Isso porque, segundo a equipe de cientistas ingleses, a perda de sensibilidade visual está fortemente ligada com o aparecimento da demência, especialmente em pessoas mais velhas. É o que aponta o estudo publicado na revista Scientific Reports.
A principal hipótese é que os problemas visuais sejam causados pelo acúmulo de placas amiloides tóxicas no cérebro, que se agrupam em áreas associadas à visão, no primeiro momento. Posteriormente, elas afetam os pontos ligados à memória. Portanto, “os testes de visão podem detectar déficits antes dos testes de memória”, defendem os autores em artigo na plataforma The Conversation. A fala também pode dar indícios, como apontam outras pesquisa.
Rastreando a demência
No estudo, a equipe acompanhou 8,6 mil voluntários no condado inglês de Norfolk, sendo que, ao final do estudo, 537 deles desenvolveram algum tipo de demência. Em diferentes momentos da pesquisa, os participantes passaram por um teste de sensibilidade visual, o que permitiu estabelecer essa nova forma de triagem.
Durante o teste, as pessoas precisavam apertar imediatamente um botão, após identificarem um triângulo se formando em um campo de pontinhos em movimento. Como o grupo já suspeitava, as pessoas que teriam demência levavam mais tempo para perceber a formação da figura geométrica e reagir.
"A velocidade reduzida de processamento visual complexo está significativamente associada a uma alta probabilidade de um diagnóstico futuro de demência", afirma o estudo.
Sinais do Alzheimer
Para além do teste, os olhos de uma pessoa com um possível diagnóstico de demência também pode dar outros sinais. É o caso do “olhar perdido”, que não se move e nem escaneia um novo ambiente como seria esperado.
No caso da doença de Alzheimer, o paciente pode ter dificuldade em ver contornos de objetos (sensibilidade ao contraste) e de discernir entre certas cores (a capacidade de ver o espectro azul-esverdeado é mais afetada no início da demência).
Outro sinal precoce do Alzheimer é um déficit no “controle inibitório” dos movimentos oculares. De forma mais simples, qualquer estímulo distrativo parece prender a atenção do indivíduo.
Diante dessas novas evidências, vale se atentar aos olhos e ao olhar de pessoas que podem desenvolver a demência, em busca de um diagnóstico precoce e de uma vida com mais qualidade de vida. Compreender isso é muito importante, ainda mais com a possibilidade do número de casos triplicar até 2050.
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Fonte: The Conversation