Laboratório quer criar tecnologia que transforma remédios injetáveis em pílulas
Por Nathan Vieira | 02 de Janeiro de 2021 às 20h00
O laboratório de pesquisa em ciências biológicas Rani Therapeutics, sediado na Califórnia, arrecadou US$ 69 milhões (o equivalente a R$ 362 milhões, aproximadamente) para financiar o desenvolvimento de sua plataforma que converte medicamentos injetáveis em pílulas. A ideia é criar uma espécie de cápsula "robótica" engolível, mas que faz o trabalho de um medicamento injetável.
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De acordo com uma revisão no Annals of Internal Medicine, medo ou desconforto com as injeções com agulhas estão entre as razões pelas quais os pacientes se recusam a aceitar certos medicamentos. A análise aponta que de 20% a 30% das prescrições nunca são preenchidas, e aproximadamente 50% dos medicamentos para doenças crônicas não são tomados conforme prescrito. Estima-se que essa falta de adesão cause aproximadamente 125 mil mortes.
O laboratório Rani acredita que sua tecnologia tenha o potencial de transformar mercados onde os pacientes precisam lidar com injeções frequentes: trata-se de uma cápsula que contém um sensor embutido e se move pelo estômago onde os ácidos normalmente quebram as moléculas do medicamento. Assim que atinge o intestino, ela fornece o medicamento, inflando como um balão e injetando a droga na parede intestinal. Para evitar que o balão se infle prematuramente, a cápsula tem um revestimento de pílula que se dissolve quando enfrenta os níveis de ácido específicos do intestino.
Para isso, houve testes com várias moléculas. Até o momento, no entanto, a empresa concluiu apenas um estudo de Fase 1 com octreotida, um medicamento que pode tratar diarreia associada a certos tipos de tumores e níveis mais baixos de hormônio de crescimento em excesso. Os estudos de fase inicial, que não testam a eficácia, definiram a dose mais alta que pode ser administrada com segurança, sem causar efeitos colaterais graves. O laboratório Rani relatou que o ensaio com octreotida, em meados de 2019, mostrou taxas de biodisponibilidade superiores a 70%, sendo que biodisponibilidade é a porção de um medicamento que entra na circulação quando introduzido no corpo.
Fonte: Venture Beat