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Vacina: o que é, para que serve e qual a sua importância?

Por| 03 de Novembro de 2020 às 14h30

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 Karolina Grabowska / Pexels
Karolina Grabowska / Pexels

Estamos inseridos em um contexto que muito tem se falado de vacina. No entanto, acaba ficando o questionamento em torno de suas complexidades, como o porquê das exigências de reforços em alguns casos, ou quais etapas envolvem o seu desenvolvimento. E são essas questões que, com a ajuda de especialista no assunto, o Canaltech almeja responder para você.

Para começar, o que é vacina, exatamente? Bom, a palavra "vacina" é derivada de Variolae vaccinae, a varíola dos bovinos. Em 1796, o inglês Edward Jenner realizou o primeiro teste da vacina contra a varíola, o evento é o marco do início da imunização na história.

De acordo com o Dr. João Prats, infectologista da BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo), uma vacina é basicamente o que a gente chama de imunização ativa. "Significa simular uma infecção para que o corpo produza uma resposta imunológica. Não é infecção de fato, mas simula de alguma forma a infecção gerando uma resposta imunológica de preferência duradoura. Na imunização ativa, a pessoa produz os próprios anticorpos e guarda a memória dessa infecção. Por isso que chama imunização ativa: o corpo tem que fazer alguma coisa", explica o especialista.

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"A imunização passiva seria dar anticorpos para a pessoa. Os anticorpos passam e eliminam aquele problema. É como a gente faz com os soros, por exemplo", acrescenta o Dr. João. O soro dá uma proteção emergencial e passageira para uma situação de risco, não oferece uma memória de imunidade.

Do que é feita a vacina

A vacina pode proteger contra uma ou mais de uma doença e costuma ser feita a partir de: pedaços de micro-organismos, micro-organismos mortos, micro-organismos vivos atenuados (enfraquecidos), micro-organismos vivos inativados (editados geneticamente) ou proteínas do micro-organismo.

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No entanto, há ocasiões em que tomar a vacina uma única vez acaba não sendo suficiente, sendo necessário um reforço. "Existem vários conceitos imunológicos que envolvem isso. O sistema imunológico produz as armas e as guarda de acordo com a necessidade. Algumas vacinas têm a duração da resposta imunológica maior por várias características. É preciso ver o quanto elas são imunogênicas, o quanto são capazes de trazer imunidade", explica o médico.

Ele afirma que a vacina entra no corpo, o corpo reconhece como algo que não pertence ao organismo, vai começar a produzir uma resposta imunológica. "É como se fosse uma infecção. Todo o repertório do sistema imunológico vai ser preparado para combater aquela vacina como se fosse uma infecção, e essa resposta é guardada na memória. Quando vier a infecção de verdade, o corpo já tem a receita de como acabar com ela", reitera. 

No entanto, Dr. João aponta que uma hora a pessoa pode deixar de ter a resposta imunológica adequada, por isso precisa de um reforço para lembrar o sistema imunológico." Algumas precisam de estímulos mais vezes para o corpo 'acreditar mesmo' e para produzir a resposta adequada, precisa de mais de uma dose".

Segundo Dr. João, depende também da população que foi estudada, para entender qual população se beneficia mais de certos anticorpos. Há doenças que são típicas de uma população, por exemplo. Outro fator é se a doença em questão é comum numa faixa etária específica, por exemplo.

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Como a vacina é testada

A primeira fase para a realização dos testes de uma vacina é a pré-clínica, onde ela é testada em animais (geralmente roedores, como camundongos, coelhos, ratos e hamsters) e macacos. Nesse ponto, a ideia é investigar se a vacina causa algum efeito colateral grave e se provoca resposta imune. Depois de dois meses, acontece  o “desafio”, que consiste em checar se a vacina impediu a doença e também se evitou que o vírus infectasse as células dos animais. "A fase laboratorial e a fase pré-clinica são as mais complexas, pois é preciso mostrar anticorpos neutralizantes contra o vírus, mostrar que em animal ela é segura e não tem infecção", explica Dr. João.

Se tudo correr bem, os especialistas passam para os testes clínicos em humanos, que são divididos em quatro fases.

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Na fase 1, testam a toxicidade e efeitos colaterais em algumas dezenas de voluntários jovens e saudáveis. Ainda não há exatamente uma preocupação em ver se a vacina funciona, mas sim em ver se ela não faz mal. Enquanto isso, na fase 2, os testes acontecem em centenas de voluntários, que já costumam ser divididos por faixas etárias. Os especialistas checam os marcadores de imunidade, para saber se a vacina é capaz de provocar uma reposta no organismo. 

Na fase 3, é o momento de testar a eficácia. A ideia a essa altura é saber se a vacina funciona, em milhares de voluntários, de uma população diversa. Os voluntários são divididos em grupos: um grupo recebe a vacina de verdade, o outro recebe um placebo. Se a doença para de circular, não há como completar o teste. Os especialistas não podem fazer “desafios” em seres humanos, a não ser em condições muito específicas, uma vez que nem todos os países permitem tais desafios em humanos (No Brasil, isso é proibido).

Cada vez que um membro dos grupos tratamento ou placebo fica doente, registra-se um “evento”. A fase 3 é concluída apenas quando se atinge o número de eventos necessários para que seja possível calcular sua eficácia, que é estimada em porcentagem de pessoas protegidas. Se uma vacina tem eficácia de 70%, por exemplo, quer dizer que a vacina protegeu 70% das pessoas vacinadas. Outros fatores que precisam ser compreendidos são o tempo de proteção e o regime de vacinação.

Se a vacina mostrar eficácia em fase 3, ela é liberada para o mercado. As pessoas vacinadas seguem sendo acompanhadas, para garantir que não haja nenhum efeito colateral em médio e longo prazos. Efeitos adversos raros podem aparecer só depois de vacinarmos milhões de pessoas. 

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"Vacinar não é só importante. É essencial. Hoje estamos aqui com um monte de doenças que foram erradicadas. É importantíssimo, sim, porque várias dessas doenças causam alta mortalidade; e, senão mortalidade, morbidade — ou seja, deixam as pessoas com sequelas graves, como é o caso da poliomelite", afirma o médico.

Fonte: Com informações de CDC, The History of Vaccines (1, 2)