Japão vai liberar água da usina de Fukushima no oceano nesta quinta (24)
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 22 de Agosto de 2023 às 18h35
Na próxima quinta-feira (24), o Japão vai colocar em prática o seu plano de liberar água da usina nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico. Estamos falando de cerca de 1,34 milhões de toneladas de água — que deve ser filtrada, e diluída e liberada ao longo de 30 anos.
Conforme anunciado pelo próprio governo japonês, a liberação da água é uma etapa necessária para o processo de desativação da usina. Nesta terça (22), o primeiro-ministro Fumio Kishida deu o aval final em uma reunião de ministros envolvidos no plano e instruiu a operadora, Tokyo Electric Power Company Holdings, a ficar pronta para iniciar a liberação costeira se as condições do tempo e do mar permitirem.
Na ocasião, o primeiro-ministro alegou que o governo fez de tudo para garantir a segurança do plano, proteger a reputação da indústria pesqueira do Japão e explicar claramente a base científica da mudança. A promessa é que o governo continuará esses esforços até o final da liberação e desmantelamento.
Para se ter uma noção, a usina nuclear de Fukushima protagonizou o pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl. Em março de 2011, um tremor no Japão chegou à magnitude 9 na escala Richter e desencadeou um forte tsunami. A onda afetou o sistema de resfriamento da usina nuclear da cidade de Okuma, e naquele mesmo mês, houve explosões e um incêndio.
Liberação das águas da usina gera oposição
A liberação das águas residuais tratadas enfrentou forte oposição das organizações de pesca japonesas, que se preocupam com mais danos à reputação de seus frutos do mar enquanto lutam para se recuperar do desastre nuclear. Grupos na Coreia do Sul e na China também levantaram preocupações.
Na Coreia do Sul, por exemplo, Park Ku-yeon — primeiro vice-ministro do Gabinete de Coordenação de Políticas Governamentais — anunciou que se o plano ameaçar a segurança do país, o governo sul-coreano vai solicitar ao Japão que interrompa imediatamente a descarga.
Junichi Matsumoto, executivo da TEPCO responsável pela liberação de água, disse em entrevista à Associated Press que a ação representa “um marco”, mas ainda é apenas uma etapa inicial em um processo de desativação.
Desastre na usina nuclear de Fukushima
Anteriormente, o Canaltech já entrou em detalhes de como aconteceu o incêndio na usina nuclear de Fukushima: o terremoto ocorreu a quase 100 km das instalações da usina, equipada com sistemas que detectaram o tremor e desativaram automaticamente os reatores nucleares.
Foi necessário acionar geradores de emergência para manter o sistema de resfriamento ativo, mas uma onda invadiu o muro protetor do complexo e inundou a usina, desativando os geradores.
Os funcionários tentaram restaurar a energia, o combustível nuclear de três reatores havia superaquecido. O acúmulo de hidrogênio gasoso pressurizado fez com que os reatores d a usina explodissem.
Com os danos sérios nos prédios da usina causados pelas explosões, o material radioativo foi liberado na atmosfera e no oceano Pacífico.
Fonte: AP News, The Guardian, National Geographic, The Conversation