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Huntington | Estudo revela como começa doença semelhante ao Alzheimer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Junho de 2023 às 10h13

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Bret Kavanaugh/Unsplash
Bret Kavanaugh/Unsplash

As doenças de Parkinson e Alzheimer são as mais associadas com problemas neurodegenerativos, mas não são as únicas. A doença de Huntington também provoca um tipo de declínio cognitivo. Em comum, as três surgem com o acúmulo de placas de proteína no cérebro, as amiloides. A boa notícia é que os cientistas podem ter descoberto uma maneira de impedir a formação dessas placas em pacientes com Huntington, o que deve ser replicado nos outros quadros.

O estudo que pode ter descoberto uma forma de impedir a evolução da doença de Huntington e, muito provavelmente, do Alzheimer foi liderado por pesquisadores do Stowers Institute for Medical Research, nos Estados Unidos. Por enquanto, a pesquisa revolucionária foi publicada como um preprint — estudo ainda não revisado por pares — na revista eLife.

O que é a doença de Huntington

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Pensando na doença de Huntington, a condição genética começa a ser percebida quando os indivíduos têm entre os 35 e 45 anos. Nesse período, a pessoa identifica os primeiros sinais de problemas para controlar os seus movimentos, além de apresentar contrações involuntárias e perder a coordenação motora, segundo a Alzheimer's Society, no Reino Unido.

Além disso, os problemas na memória tendem a se iniciar, mas são bastante diferentes daqueles sintomas apresentados por pacientes com Alzheimer. "Por exemplo, pessoas com doença de Huntington podem ter uma boa memória de eventos recentes, mas, muitas vezes, esquecem como fazer as coisas (conhecido como 'memória processual')", explica a sociedade britânica.

Até o momento, não existe uma cura conhecida pela doença — embora a pesquisa norte-americana caminhe para essa direção. Por outro lado, medir o risco de uma paciente desenvolver o quadro é possível através de exames de DNA, já que a condição pode ser transmitida entre gerações.

Mudanças no cérebro durante a doença de Huntington

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No experimento que determinou a possível causa da doença de Huntington, os cientistas se concentraram no comportamento anormal da proteína huntingtina, conhecida anteriormente pela ciência como a responsável pelo quadro neurodegenerativo. É dentro do núcleo dela que as placas amiloides começam a surgir.

De forma geral, as proteínas são compostas por uma sequência única de 20 aminoácidos (os blocos de construção). Nessa cadeia, alguns tipos de proteína têm repetições naturais de um dos aminoácidos, a glutamina (Q). A questão é que inúmeras doenças apelidadas de PoliQ, incluindo a de Huntington, ocorrem quando essas repetições se tornam longas demais. Em consequência disso, a proteína disfuncional acaba matando a célula e desencadeando um processo coletivo.

“Há três décadas, sabemos que a doença de Huntington e as outras doenças fatais relacionadas ocorrem quando as proteínas contêm mais de 36 Qs seguidos, fazendo com que formem cadeias de proteínas no cérebro, mas não sabíamos o porquê”, explica Randal Halfmann, um dos autores do estudo, em nota.

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Na atual pesquisa, os cientistas descobriram o número limite da glutamina em uma proteína, que é justamente os 36 Qs. Se isso ocorrer em uma única proteína em uma célula, é o suficiente para desencadear todo o processo de formação das placas amiloides no cérebro.

“O paradigma emergente é que tudo decorre de um único evento, uma mudança espontânea na forma da proteína”, acrescenta Halfmann. “Esse evento inicia a reação em cadeia dos amiloides que matam as células e pode fornecer informações críticas sobre como os amiloides causam doenças”, complementa.

Novos tratamentos para as doenças neurológicas

Outro ponto interessante da pesquisa é que as proteínas só acumulam as glutaminas em excesso quando estão isoladas dentro das células. Pelo menos, em laboratório, inundar a célula “quase doente” de proteínas a salvou, impedindo o surgimento da doença neurodegenerativa.

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Agora, é preciso provar que, de fato, esse processo ocorre em modelos animais, como roedores, e buscar formas de estudá-lo em humanos — ou em organoides cerebrais humanas. Se a nova hipótese estiver certa, os pesquisadores devem trabalhar em um novo medicamento ou tratamento que impeça a “solidão” dessas proteínas, evitando a formação das placas amiloides e de qualquer doença. Isso inclui as doenças de Huntington, Parkinson e Alzheimer.

Fonte: eLife, Alzheimer's Society e Stowers Institute