Fotos mostram que não há embrião visível até 9 semanas de gravidez
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Ativistas e profissionais da área da saúde nos Estados Unidos se uniram para divulgar imagens reais do desenvolvimento dos tecidos no útero nas primeiras 9 semanas de gravidez, visando combater a desinformação em relação ao aborto, especialmente no início da gestação. Nas fotos, é possível notar que não se pode ver qualquer embrião ou forma próxima à de um feto.
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MYA Network, o grupo que divulgou o conteúdo, foi fundado por Joan Fleischman, que comentou sobre a reação de muitas pacientes após verem o material coletado no aborto — e que a motivou a levar o projeto à frente. Segundo ela, certas pacientes escolhiam ver os tecidos da gravidez retirados no procedimento, sentindo-se aliviadas e surpresas ao notar que não se parece em nada com o que se divulga, em geral, na internet.
Início da gestação e sua interrupção
O conteúdo compartilhado veio de interrupções de gestação em seus primeiros estágios, quando um aparelho de aspiração manual é utilizado para retirar os tecidos delicados do útero, praticamente intactos: nesse caso, a operação dura apenas 5 minutos. Antes da exibição em placas de Petri, os profissionais enxaguaram o material para remover vestígios de sangue e revestimento menstrual. O que resta é o saco gestacional, que iria se tornar o saco amniótico, e a decídua, um tecido gestacional.
Numa gestação de 5 semanas, o tecido retirado media 5 milímetros: calcula-se que o saco gestacional cresça aproximadamente 1 mm por dia. Na foto do tecido retirado com 9 semanas de gravidez, não é possível ver o embrião, mas ele já pode estar em estágio de formação nesse período.
Segundo Fleischman, quem tomar pílulas abortivas ou tiver um aborto espontâneo, em casa, verá outra coisa. Nesses casos, um fluxo menstrual intenso ocorre, podendo incluir coágulos sanguíneos de vários tamanhos, dificultando a identificação do tecido da gravidez, só encontrado caso seja ativamente procurado. Após nove semanas, um embrião precoce já poderá ser visto.
Além das imagens, os profissionais também divulgaram informações sobre os sons do início da gravidez. Segundo eles, não há coração formado nesse período, mas sim células que, eventualmente, irão se unir para formar o órgão. Elas, em conjunto, já "batem", movimento que pode ser notado no ultrassom e é chamado de batimento cardíaco, mas que, reforçam, ainda não é de um coração.
No site da MYA Network, foram disponibilizados depoimentos reais de pessoas que interromperam a gravidez e viram os tecidos retirados de seus úteros. A maioria revela surpresa e alívio, relatando que a observação desses tecidos foi fundamental para acabar com o medo e a culpa de ter realizado o procedimento.
Combatendo a desinformação
Buscar por imagens da gestação, na internet, geralmente acaba em imagens de fetos totalmente desenvolvidos, bebês mutilados e ensanguentados. São fotos sem fontes ou informações sobre idade gestacional e escala de tamanho, produzidas por iniciativas contra a interrupção voluntária da gestação. É bem mais difícil achar fotos do material realmente coletado em abortos realizados no início da gravidez.
Ao The Guardian, Michele Gomez, outra médica da MYA Network, comentou que diversos médicos se preocupam com a reação das pacientes. Em sua opinião, não seria responsabilidade ou direito dos profissionais ditar como as pessoas respondem às imagens. O trabalho envolve apenas a divulgação das informações e fatos, buscando combater desinformação, sem ser assustador, perigoso ou violento.
Fonte: MYA Network via The Guardian