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Formigas podem farejar câncer melhor que cachorros, sugere estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Março de 2022 às 08h30

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viledevil/envato
viledevil/envato

Após um treinamento "rápido", formigas aprendem a detectar células cancerígenas através do olfato, segundo pesquisadores franceses. Potencialmente, estes insetos podem ser ainda mais eficientes que cachorros na identificação de diferentes tipos de câncer.

Publicado na revista iScience, o estudo analisou a capacidade de formigas farejadores em identificaram o câncer e foi liderado por cientistas da Sorbonne Paris North University. "As formigas podem ser rapidamente condicionadas a associar o odor das células cancerígenas a uma recompensa", afirmam os autores do estudo.

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No experimento, a equipe treinou formigas da espécie Formica fusca. Segundo os pesquisadores, "as formigas F. fusca aprendem rápido e retêm uma associação após três tentativas apenas". Apesar dos resultados promissores, os insetos ainda estão longe de serem usados como biodetectores para um diagnóstico médico real.

Cães ou formigas na detecção do câncer

Vale explicar que, quando as células cancerosas crescem, elas produzem odores específicos — os compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês). De forma geral, equipamentos de alta tecnologia ou animais bem treinados, como cães, podem identificar este cheiro típico, mas ambos os procedimentos têm um alto custo envolvido.

"Uma desvantagem do uso de cães é que, apesar de eficientes, eles são lentos para aprender (alguns levam de meses a um ano) e requerem um protocolo de aprendizado intensivo antes de estarem prontos para discriminar amostras de câncer de uma saudável", explicam os pesquisadores franceses. Em outras palavras, o processo pode ser demorado e caro.

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"As formigas são, portanto, equivalentes aos cães — os biodetectores mais estudados — em termos de habilidades de detecção. Em alguns aspectos, as formigas superam os cães porque precisam de um tempo de treinamento extremamente menor (30 minutos em comparação com 6 a 12 meses para um cão) e um custo reduzido de treinamento e manutenção (mel e insetos congelados duas vezes por semana)", completam os autores sobre os potenciais benefícios.

Como funciona o treinamento de formigas farejadoras?

“Para treinar uma formiga, usamos um protocolo de treinamento chamado aprendizado associativo, onde um odor — por exemplo, o odor do câncer — é associado a uma recompensa, como uma solução de açúcar”, explica Baptiste Piqueret, cientista e um dos autores do estudo, para a revista ScienceFocus.

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“Depois de várias apresentações do odor e da recompensa, a formiga associa que o odor é um preditor da recompensa, e se ela quiser a recompensa, ela começará a procurar o odor. Feita a aprendizagem associativa, testamos a memória da formiga, colocando-a em uma arena sem recompensa com o odor de câncer aprendido e um novo odor — por exemplo, um odor saudável”, complementa Piqueret.

No entanto, diferentes tipos de câncer produzem diferentes odores. Por isso, as formigas também foram apresentadas a dois tipos de tumores cancerígenos que afetam a mama. Nesta segunda etapa, os insetos mantiveram a capacidade de apontar os cânceres, mas uma formiga individualmente só aprendia a distinguir um único cheiro. Afinal, foram condicionadas a receber recompensa para apontar apenas um tipo de tumor.

Agora, mais estudos são necessários para que, um dia, as formigas sejam usadas na detecção do câncer, como a capacidade de identificar um tumor a partir de uma amostra de urina. Eventualmente, o olfato das farejadoras pode ser usadas para outras finalidades, como a detecção de substâncias tóxicas ou ilícitas.

Fonte: iScience e Science Focus