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Exposição ao chumbo na infância reduziu o QI de 50% dos norte-americanos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Março de 2022 às 09h40

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Inmicco/Envato
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Nos Estados Unidos, uma equipe de pesquisadores investigou os efeitos da exposição ao chumbo na infância e as possíveis implicações para o QI (Quociente de Inteligência). A conclusão é que o metal tóxico afetou o índice de inteligência de pelo menos 50% da população norte-americana. Em média, as pessoas afetadas perderam 2,6 pontos do quociente.

Publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo sobre os efeitos da exposição ao chumbo foi liderado por pesquisadores da Universidade Estadual da Flórida.

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"Estimamos que mais de 170 milhões de americanos vivos hoje foram expostos a altos níveis de chumbo na primeira infância, vários milhões dos quais foram expostos a mais de cinco vezes o nível de referência atual", afirmam os autores. Atualmente, o número de pessoas expostas equivale a mais da metade da população dos EUA.

Além disso, os cientistas relatam que, somando todos os pontos perdidos pela população norte-americana, "o chumbo é responsável pela perda de 824.097.690 pontos de QI em 2015".

Impactos da exposição na infância e o QI

Os baby boomers — nascidos entre os anos de 1946 e 1964 — e as gerações passadas tiveram uma exposição moderada ao chumbo na infância. Só que o cenário norte-americano foi se transformando.

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“A geração X [pessoas nascidas entre 1965 e 1981] foi exposta a quantidades muito altas de chumbo, e agora os millennials [nascidos a partir de 1981 e até 1996] e a geração seguinte [a Z] foram expostos a quantidades muito baixas de chumbo", explica o professor Matt Hauer, da Universidade Estadual da Flórida, em comunicado.

Segundo os pesquisadores, os déficits estimados foram maiores para pessoas nascidas entre 1966 e 1970, que enfrentaram, em média, a perda de 5,9 pontos de QI por pessoa. Esta parte da população corresponde a cerca de 20,8 milhões de pessoas.

Onde tinha chumbo nos EUA?

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“Nos países desenvolvidos, o uso histórico do chumbo em tintas, tubulações e gasolina deixou cursos d’água, solo, vias aéreas e residências enriquecidas com esse neurotóxico”, explica o pesquisador sobre as possíveis fontes de exposição.

Além do uso em soldas, na construção civil e em tintas, o metal tóxico também foi usado, por muitos anos, na composição da gasolina. Segundo Hauer, as descobertas da pesquisa seguem a trajetória do uso de gasolina com chumbo nos EUA.

O uso começou em 1923 e parou apenas em 1996. No entanto, o pico da popularização da fórmula com o metal foi alcançado entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1980.

O que o metal tóxico pode fazer?

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"O chumbo é capaz de atingir a corrente sanguínea uma vez que é inalado como pó, ingerido ou consumido na água", conta Aaron Reuben, da Universidade Duke. “Na corrente sanguínea, pode passar para o cérebro através da barreira hematoencefálica", detalha. Por causa disso, o chumbo é um conhecido neurotóxico.

Além de causar déficits cognitivos — e afetar o QI —, o chumbo já foi associado com mudanças na personalidade, envelhecimento cerebral prematuro, anemia, danos renais, doenças cardiovasculares e danos a mulheres grávidas e crianças em desenvolvimento.

Segundo Hauer, os efeitos da exposição ao chumbo na infância ainda serão sentidos por gerações. Afinal, "as exposições parecem ter consequências ao longo da vida”, completa.

Fonte: PNAS e Universidade Estadual da Flórida