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Existe Ozempic Natural? O que comemos altera os níveis do hormônio do apetite

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Freepik/KamranAydinov
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Mesmo com a popularização de medicamentos relacionados à perda de peso, como o Ozempic, muitas pessoas ainda preferem emagrecer com dietas naturais. Neste caso, a escolha dos alimentos corretos e a refeição na hora certa podem ser os principais aliados.

Tanto uma dieta estratégica quanto os fármacos atuam no aumento dos níveis de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) no organismo. Esse hormônio é responsável pela sensação de saciedade, retardando a digestão e fazendo com que nos sintamos cheios.

No caso dos medicamentos, além de aumentar a quantidade de GLP-1, eles também diminuem simultaneamente os níveis de uma enzima chamada DPP-4, que inativa o hormônio associado à saciedade, conhecido como o "hormônio de parar de comer". O resultado? Sensação de saciedade, diminuição da ingestão de alimentos e, consequentemente, perda de peso.

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Poder dos alimentos

Alguns alimentos também podem aumentar significativamente os níveis de GLP-1 no organismo, como é o caso de feijões, legumes, grãos integrais, nozes e sementes. O que eles têm em comum é que todos são fontes de fibras.

“Quando as fibras são fermentadas pelos trilhões de bactérias que vivem em nossos intestinos, o subproduto resultante, chamado de ácidos graxos de cadeia curta, estimula a produção de GLP-1”, destaca Mary J. Scourboutakos, professora adjunta de Medicina Familiar e Comunitária na Universidade de Toronto.

De acordo com a especialista, gorduras monoinsaturadas — encontradas no azeite de oliva e no óleo de abacate — são outro nutriente que aumenta a quantidade de GLP-1 no organismo. Comer um pão com qualquer tipo de gordura — como manteiga ou queijo — também estimula o hormônio, bem como combinar um pãozinho com abacate no café da manhã.

Como e quando você come

Segundo Scourboutakos, a ingestão de proteínas — como peixe ou carne — antes de carboidratos — como arroz — resulta em um nível mais alto de GLP-1, quando comparado à ordem inversa de consumo desses alimentos. Comer vegetais antes dos carboidratos tem um efeito semelhante.

A hora do dia também é importante, visto que esse peptídeo hormonal segue um ritmo circadiano — um ciclo biológico de aproximadamente 24 horas que regula funções do organismo. Logo, uma refeição realizada às 8h estimula uma liberação maior de GLP-1 do que a mesma refeição feita às 17h.

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“Isso pode explicar, em parte, por que o velho ditado ‘tome o café da manhã como um rei, almoce como um príncipe e jante como um pobre’ é apoiado por evidências que apontam uma perda de peso maior quando o café da manhã é a principal refeição do dia e o jantar, a menor”, ressalta a docente.

A mastigação, em vez da ingestão de líquidos, e uma menor velocidade na alimentação também são fatores importantes quando o objetivo é o emagrecimento a partir do aumento dos níveis do hormônio associado à saciedade.

Menos potente que a medicação

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Embora alguns alimentos e estratégias alimentares possam estimular naturalmente a produção de GLP-1, o poder dos medicamentos ainda é considerado significativamente maior nessa tarefa.

Um estudo sobre os efeitos da dieta mediterrânea no aumento desse hormônio demonstrou um nível máximo de GLP-1 de aproximadamente 59 picogramas (um trilionésimo de grama) por mililitro de soro sanguíneo.

“A bula do produto Ozempic, por sua vez, informa que a dose mais baixa produz um nível de GLP-1 de 65 nanogramas por mililitro (um nanograma = 1.000 picogramas, ou um bilionésimo de grama). Portanto, os medicamentos aumentam o GLP-1 mil vezes mais do que a dieta”, pontua Mary.

O mesmo estudo, contudo, apontou que a dieta mediterrânea reduz os riscos de doenças a longo prazo, como ataques cardíacos, em 30%, enquanto medicamentos como o Ozempic tiveram um impacto de apenas 20%. Isso demonstra que, para a saúde em geral, dietas são superiores ao uso dos fármacos em questão.

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Fonte: The Conversation