Exame de sangue consegue prever qual órgão vai falhar primeiro
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Nos Estados Unidos, cientistas da Universidade Stanford desenvolveram um novo exame de sangue capaz de identificar qual órgão do corpo envelhece de forma mais acelerada e corre o risco de falhar primeiro. A partir da análise feita por um algoritmo de Inteligência Artificial (IA), é possível iniciar investigações mais profundas e, se for o caso, começar um tratamento médico preventivo.
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Para entender a validade da descoberta, um órgão tem alto risco de falhar quando envelhece em taxas mais aceleradas que o resto do corpo, ultrapassando a idade cronológica esperada. Quanto maior for a idade de um coração, maior será o risco de desenvolver doenças cardíacas, o que pode culminar na morte do indivíduo.
Através deste exame de sangue, os cientistas relacionam o envelhecimento acelerado dos órgãos com diferentes níveis de aproximadamente 5 mil proteínas, os biomarcadores. A tecnologia que analisa o plasma ainda não está disponível no mercado, mas é bastante promissora, segundo o estudo publicado na revista Nature.
Envelhecimento dos órgãos
No estudo de Stanford, 5,6 mil voluntários participaram da pesquisa e tiveram a idade de 11 principais órgãos medidos. Entre eles, estavam: coração, pulmão, rim, pâncreas, cérebro e intestino.
Segundo os autores, 1 em cada 5 adultos razoavelmente saudáveis com 50 anos ou mais tem pelo menos um órgão envelhecendo em ritmo mais acelerado, quando comparado ao do resto do corpo.
"Quando comparamos a idade biológica de cada um desses órgãos para cada indivíduo, descobrimos que 18,4% das pessoas com 50 anos ou mais tinham pelo menos um órgão envelhecendo mais rapidamente do que a média”, afirma Tony Wyss Coray, professor de neurologia e um dos autores, em nota. Em até 15 anos, o órgão identificado deve dar problemas, aumentando o risco de morte, acrescenta Coray.
Por outro lado, apenas 1 em cada 60 pessoas tinha dois órgãos envelhecendo em ritmo mais rápido que o esperado. Só que esses indivíduos tinham um risco 6,5 vezes maior de morrer do que alguém que não tinha nenhum órgão excessivamente velho.
Coração vai falhar?
Para entender melhor os resultados do exame de sangue, os pesquisadores explicam que uma pessoa aparentemente saudável pode ter um risco 2,5 vezes maior de insuficiência cardíaca, se ela tiver um coração mais velho do que a sua idade cronológica.
Riscos do cérebro “idoso”
Já as pessoas com o cérebro velho demais para as suas respectivas idades têm um risco 1,8 vezes maior de desenvolver algum grau de declínio cognitivo nos próximos 5 anos, incluindo a doença de Alzheimer. Isso ocorre quando as análises de risco são comparadas com as de indivíduos que têm o cérebro envelhecendo a uma taxa normal.
Fonte: Nature e Universidade Stanford