Estudos do tecido cerebral revelam 3 genes associados à esclerose múlipla
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Ao estudar o tecido cerebral, cientistas identificaram genes ligados à esclerose múltipla, doença degenerativa do cérebro que atinge cerca de 150 mil brasileiros todos os anos. Na condição, que não tem cura, o sistema imunológico destrói a cobertura protetora de nervos cerebrais, causando distúrbios na comunicação entre o cérebro e o corpo. Os sintomas incluem perda da visão, dor, fadiga e comprometimento da coordenação motora.
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Para fazer a descoberta, foram comparadas as informações genéticas e proteínas expressadas no cérebro de milhares de pacientes com diferentes níveis de desenvolvimento da esclerose múltipla. Foi dado um foco especial para a região dorsolateral do córtex pré-frontal, analisando a desregulação dos genes de risco tanto na massa cinzenta quanto na branca do órgão.
Filtrando genes
De início, foram identificados 51 genes com proteínas cuja elevação estava associada a riscos de esclerose múltipla, mas uma confirmação de dois estágios conseguiu estreitar esse número para 18 genes se repetindo nos cérebros dos participantes. Métodos de localização seguintes separaram 6 genes causais com variações genéticas de risco para a doença, faltando apenas mais uma etapa de estudo.
Restava apenas observar a expressão dos genes, ou seja, como eles transcreviam a proteína gerada. Ao analisar a massa cinzenta cerebral, foram identificados três níveis de expressões genéticas diferentes associadas à doença — são elas a SHMT1, a FAM120B e a ICA1L, bem como as proteínas que expressam no órgão.
A primeira expressão genética estava especialmente alta em casos onde a massa branca sofreu estava lesionada, enquanto a segunda aparecia tanto na massa branca lesionada quanto saudável, e a última estava anormalmente baixa tanto em massa cinzenta lesionada quanto de aparência normal.
Publicado na revista científica Annals of Clinical and Translational Neurology no dia 7 de dezembro, o estudo foi um passo importante para entendermos como a doença se desenvolve ao nível cerebral, embora ainda não saibamos como a expressão desses genes poderá ser explorada na busca por tratamentos mais eficazes.